O feito de Adele Fornarino no ADCC foi admirável pelo tom de façanha. A campeã ouro duplo foi peça da divisão até 55 kg, categoria feminina inaugural, no tabuleiro de um torneio repleto de armadilhas. Do ponto de partida até a glória final, das quartas da divisão até a finalíssima do absoluto, Fornarino enfrentou gigantes do esporte, brasileiras com títulos do ADCC na jornada, Bia Mesquita e Bia Basílio, além de outras oponentes com fome pelo ouro.
Surpreso mesmo só ficou quem não conhecia o histórico da australiana que completa 25 anos de idade agora em setembro. Finalizadora nata forjada na Atos de André Galvão, Fornarino é uma faixa-preta de Jiu-Jitsu com atenção voltada para o grappling, onde ela identifica as melhores oportunidades.
Reputação de finalizadora sempre esteve associada ao estilo de Adele Fornarino
No Who’s Number One 22, em uma luta imprevista contra Amanda Alequin, a australiana aceitou o confronto com pouca antecedência para substituir Ffion Davies, a finalização via chave de pé veio rápido, em apenas 14 segundos. A vaga garantida no evento principal do ADCC, em uma seletiva em Singapura, foi consequência de uma campanha agressiva: três lutas, todas concluídas com finalização. Uma campanha que durou um total de três minutos.
Na T-Mobile Arena, no último final de semana, dias 17 e 18, Adele Fornarino ficou diante de um desafio intrincado logo de cara – Mayssa Bastos, recém-campeã de grappling pelo ONE FC, nas quartas de final. A vitória da estrangeira veio na decisão da arbitragem. Em seguida, foi a vez de outra brasileira, Jasmine Rocha, enfrentar a futura campeã do ADCC na semifinal.
Na reta final da divisão, a australiana deciciu rápido as disputas
O bote no armlock, com pressa de decisão, foi o ponto alto do desempenho da competidora nas últimas lutas da divisão -55 kg. Jasmine Rocha sucumbiu ao golpe e Bia Basílio, na sequência, também não conseguiu evitar o desfecho, e quem piscou perdeu o momento. O ouro da divisão feminina mas leve do ADCC encontrou o seu destino.
Para capturar o ouro do absoluto, Adele Fornarino teve que passar ilesa por três adversárias, as primeiras foram Brianna Ste-Marie e Rafaela Guedes, essa última campeã da divisão até 65 kg na edição atual e medalhista de prata em 2022, um perigo. No entanto, o instinto finalizador da australiana falou mais alto e os dois confrontos terminaram por via rápida.
O maior desafio parecia mesmo ser a final contra Bia Mesquita. A ‘Lady Goat’, campeã mundial do ADCC, estava confirmada na final do aberto com a mesma vontade de levar aquela medalha dourada para casa. Bia foi a única, na chave do absoluto, que resistiu ao ímpeto de Adele. A vitória veio, mas sem finalização. No segundo e último dia de ADCC, a campeã double gold fez um total de cinco lutas com quatro finalizações, um número impressionante, mas nada imprevisível diante de uma efetividade que Adele sempre mostrou.