Emmanuela Oliveira 
Kaynan Duarte fez história no ADCC de 2024 ao sair com um título duplo da edição. O faixa-preta da Atos, que já ostentava o bicampeonato, foi campeão peso e absoluto na temporada. No último dia de torneio, domingo, dia 19, Kaynan demonstrou jogo mais do que afiado, suficiente para levá-lo longe nas duas campanhas, na divisão até 99 kg e no absoluto. No peso, ele venceu Roberto ‘Cyborg’ na semifinal com uma guilhotina e na luta válida pelo ouro ele ficou frente a frente com Rafael Lovato. Kaynan passou a guarda, montou e dominou as costas do adversário da Six Blades para, por fim, finalizar no mata-leão.
Para reinar no absoluto, Kaynan teve que vencer três confrontos. O primeiro deles foi contra Diego ‘Pato’, medalhista de prata da edição. Ele venceu o oponente bem mais leve com um mata-leão. Na sequência, Duarte enfrentou Dante Leon, o grappler canadense que amargou os planos de Mica Galvão no peso aberto, ao finalizá-lo. No confronto que valia vaga na final, Kaynan foi superior, saindo vitorioso por pontos. Na final, o duelo contra Roberto ‘Cyborg’ Abreu se repetiu e o desfecho foi o mesmo. Kaynan Duarte campeão via guilhotina.
Ao fim do ADCC, Kaynan deixa a T-Mobile Arena com duas medalhas de ouro no pescoço e um compromisso agendado para 2026. Gordon Ryan, na superluta da noite, perpetuou o seu reinado ao vencer Yuri Simões por 21×0. Na noite anterior, no sábado, dia 17, foi a vez de Felipe Pena enfrentar a lenda norte-americana. Na ocasião, o brasileiro perdeu por 2×0. Com a chegada de Kaynan ao topo do torneio de grappling mais relevante do mundo, veio a responsabilidade de enfrentar Ryan na próxima edição do ADCC. Kaynan se mostrou ansioso para isso e na entrevista pós-luta disse que agora vai à caça de Gordon.
Quem também fez história no ADCC foi Adele Fornarino, a lutadora australiana campeã da divisão mais leve feminina, até 55 kg, que conseguiu sagrar-se campeã também no peso aberto. Nas duas atuações, nas diferentes divisões, Adele fez um total de cinco lutas e finalizou quatro delas. A primeira foi contra Jasmine Rocha, na semifinal da categoria de peso, e o desfecho foi um armlock. Com Bia Basílio, na final, Adele foi veloz, um estilo de jogo com o qual já está associada, e finalizou a brasileira de forma surpreendente, também com uma chave de braço.
Nas disputas do absoluto, as primeiras adversárias de Fornarino foram Brianna Ste-Marie e Rafaela Guedes, brasileira que ficou com a medalha de ouro na categoria feminina acima de 65 kg. Ambas foram finalizadas pela campeã. A única que foi até o final na disputa foi Bia Mesquita, que terminou o ADCC com uma prata no absoluto. Adele ainda arriscou um armlock, perigoso, e um triângulo cujo ajuste permaneceu limitando a brasileira até o fim, mas com pouco risco de finalização. Na entrevista pós-luta, Adele mostrou-se grata pelo confronto final com uma figura como Bia, a ‘Lady Goat’, com grande representatividade no Jiu-Jitsu feminino.
Diogo ‘Baby Shark’ Reis tem agora dois títulos mundiais do ADCC. No último dia de evento, ele enfrentou Josh Cisneros na semifinal e conseguiu a vitória na pontuação. O melhor estava por vir, que foi a finalíssima contra Diego ‘Pato’, da AOJ. Na guerra de manauara contra manauara, foi Diogo Reis que ficou com o ouro na disputa. Em alguns momentos, ‘Pato’ chegou a obter a vantagem na imposição de ritmo, mas o atual campeão recalculou a rota e finalizou no katagatame.
Companheiro de treino de ‘Baby Shark’, Mica Galvão prometeu e cumpriu, fechando o Super Grand Slam de Jiu-Jitsu ao se tornar campeão mundial do ADCC em 2024, um resultado que significa a chegada ao auge nas principais competições com e sem kimono da temporada. Na semifinal de hoje, Mica venceu o norte-americano PJ Barch em um confronto tenso, cuja decisão ficou na mão da arbitragem. O bote final de Mica nas costas do adversário, sem pontuação, nos segundos finais do duelo, pesou na avaliação e o brasileiro avançou para a final.
A última luta da divisão até 77 kg, contra Vagner Rocha, foi um dos pontos altos do evento, um respeitoso confronto de gerações que coroou o mais jovem, mas que também serviu para mostrar que os representantes das antigas podem levar boa concorrência aos adeptos do Jiu-Jitsu moderno. O confronto entre os dois durou um bom tempo, mas quando Mica acelerou o ritmo, ele escalou na pontuação para concluir dominando em um estrangulamento.
Giancarlo Bodoni também foi outro campeão que teve sucesso na defesa de título. Lutando na divisão até 88 kg, Bodoni foi o algoz do Brasileiro Felipe Costa na semifinal, que ao fim do torneio ficou com o bronze do ADCC. Na disputa final, Bodoni garantiu o ouro consecutivo ao superar um Jay Rod de gás infinito, que quase colocou o atual campeão em apuros diante de tanta movimentação. No entanto, o atleta da New Wave conseguiu assumir a liderança e marcou 9×0 no placar.
Com título bastante comemorado, Felipe Pena retorna ao topo do ADCC com ouro na divisão acima de 99 kg
Felipe Pena está de volta e agora com mais um título mundial do ADCC na coleção. Com disposição digna da nova geração, o faixa-preta da Gracie Barra, aos 33 anos de idade, enfrentou Josh Saunders na semifinal da divisão acima de 99 kg. Quem levou a melhor foi o brasileiro que venceu por pontos. Na luta que o separava do ouro, contra Luke Griffith, o jogo do ídolo foi mais letal depois de ficar diante do perigo, já que Luke quase conseguiu pontuar com domínio de costas. A retomada de foco veio com o ajuste de um mata-leão efetivo, que obrigou Griffith a desistir.
Nas disputas femininas, na divisão acima de 65 kg, Rafaela Guedes começou sua jornada em busca do ouro finalizando Kendall Reusing com uma guilhotina na semifinal. A luta decisiva da categoria foi entre duas brasileiras, Rafaela e Nathiely de Jesus, atleta com uma vasta coleção de títulos ao longo da carreira. Medalhista de prata em 2022, Rafaela precisou marcar dois pontos sobre a adversária para, desta vez, ficar com o ouro do evento principal do ADCC.
Uma das vitórias mais emocionantes da noite ficou por conta da glória de Ana Carolina Vieira, faixa-preta de Jiu-Jitsu condecorada no pano. A semifinal da campeã já foi um desafio enorme: Bia Mesquita, embalada por um título mundial do ADCC que ela tem no currículo. Em uma luta bastante disputada, Ana Vieira foi declarada campeã com base na decisão. Na sequência, no embate pelo ouro, Ana enfrentou Helena Crevar, prodígio da New Wave de apenas 17 anos de idade, mas com perigo de veterana. Ana Carolina Vieira se impôs e apostou em um jogo de pressão, marcando 5 pontos no placar contra Crevar. Ana Carolina Vieira é esposa de Luanna Alzuguir, medalhista de ouro do ADCC em 2009. Agora, elas formam um orgulhoso casal de campeãs do torneio de grappling mais tradicional que existe.
