O maior evento de Jiu-Jitsu do mundo, quiçá de artes marciais, o Jiu-Jitsu Con da IBJJF, aqueceu os negócios em Las Vegas, nos Estados Unidos, neste final de semana, dos dias 29 a 31 de agosto. Na estrutura, que mesclou o Mundial Master, a própria competição do Jiu-Jitsu Con e uma exposição com venda de produtos, seminários, palestras e exposição de diversas academias, notou-se também, para os que gostam de pescar significados nas entrelinhas, a consolidação de atletas que vêm elevando o Jiu-Jitsu feminino a um patamar de excelência.
Em um esporte no qual as mulheres precisaram buscar com afinco o seu espaço, ainda com presença predominantemente masculina, é no mínimo curioso que a maior atleta de Jiu-Jitsu com kimono de todos os tempos seja uma mulher: Gabrieli Pessanha, uma mulher periférica, negra, formada no Jiu-Jitsu dentro de um projeto social, a TMD House da Cidade de Deus, no Rio.
No Jiu-Jitsu Con, primeira competição de Gabi depois do Mundial na Califórnia, a faixa-preta de apenas 24 anos conquistou o ouro duplo novamente. Um feito admirável, mas que já vem se tornando rotina na trajetória de Pessanha. Mais uma vez no lugar mais alto do pódio, o que ficou notório foi o número que indica a grandeza da invencibilidade de Gabi – ela está invicta há mais de 130 combates. Um registro histórico.
Por falar de competidoras fenomenais, logo surge o nome de Cassia Moura na cabeça. A aluna de Bruno Bastos, da Lead BJJ, impressiona pelo talento com o Jiu-Jitsu, mas a sua rápida promoção à faixa-preta, no espaço de um ano desde a faixa-azul, provocou estranheza em boa parte do público. Campeã mundial nas faixas coloridas e sempre atuando com base em um acervo técnico inquestionável, Cassia manteve o alto padrão no Jiu-Jitsu Con, torneio de estreia na faixa-preta, e foi campeã no peso pena. Mais uma vez ela provou que a graduação atual aconteceu por merecimento.
Sarah Galvão, recém-chegada na marrom, é um talento da elite do esporte que se destacou no Jiu-Jitsu Con
Faixa-marrom com categoria de preta, Sarah Galvão é outro ponto bem fora da curva. Filha de André Galvão, lenda do Jiu-Jitsu que hoje comanda a Atos, o peso da genética não a intimida, muito pelo contrário, lutar Jiu-Jitsu parece ser uma atividade extremamente natural para Sarah. Talvez o contato com o esporte em tempo integral, por conta da influência do pai, tenha ajudado ela nesse quesito. Na temporada atual, Sarah tem colecionado conquistas enormes. Foi campeã mundial pela IBJJF na faixa-roxa, com ouro duplo na competição, e recebeu a faixa-marrom pelas mãos do pai no pódio.
No Jiu-Jitsu Con, Sarah não apenas lutou e faturou mais títulos, foi campeã com e sem kimono no torneio, mas também teve a oportunidade de ministrar um seminário lotado ao lado do pai.
Mel Cueto e Tayane Porfírio, atletas acima dos 30 anos, continuam no topo
Outra ilustre representante do Jiu-Jitsu feminino, Mel Cueto, conseguiu duas medalhas de ouro nesse evento da IBJJF, mas desta vez no World Master, para os atletas acima de 30 anos, e no Jiu-Jitsu Con, lutando de adulto. Bicampeã mundial de Jiu-Jitsu pela IBJJF, a faixa-preta da Alliance, aos 34 anos de idade, foi a melhor entre as competidoras do peso pesado nas diferentes categorias de idade.
Em seu primeiro ano como master, Tayane Porfirio, que completa 30 anos em dezembro, já foi um nome muito comentado no ambiente competitivo do Jiu-Jitsu. Natural de Sobral, no Ceará, mas criada no Rio de Janeiro, Tayane se tornou uma expoente do Jiu-Jitsu feminino da Alliance que chegou ao topo do mundo do esporte, no Mundial na Pirâmide, em um total de quatro vezes. Em 2017 e 2018 Tayane conseguiu dois ouros duplos, sagrando-se campeã peso e absoluto em duas temporadas consecutivas. No registro de vitórias na carreira, Tayane é uma das poucas que conseguiu vencer Gabi Pessanha na faixa-preta. Em uma superluta no evento BJJ Bet, Porfirio levou a melhor, vencendo Pessanha por pontos.
No primeiro dia de competição, dia 29, lutando no Mundial Master, Tayane Porfirio foi campeã no super-pesado depois de um tempo considerável sem competir e voltou ao lugar com o qual já está acostumada, o topo do pódio.