Emmanuela Oliveira 
Jiu-Jitsu e Braulio Estima são nomes indissociáveis. Um dos principais ídolos do esporte dos anos 2000, o faixa-preta pernambucano da Gracie Barra soube muito bem como construir uma carreira sólida e se perpetuar no meio, ainda que o ofício de competidor tenha ficado para a história. Aliás, em conversa com o jornalista Vitor Freitas em mais um episódio do Off the Mats, disponível no canal VF Comunica no You Tube, Estima contou que o espírito competitivo continuou lhe impulsionando em suas novas ocupações – professor, empresário e comentarista esportivo.
“A competição foi o meu maior incentivo no começo, porque eu sempre quis ser um atleta, eu sou naturalmente competitivo. E isso tem relação com aquela parte de se aceitar e se entender para poder dar os passos corretos. Eu sempre tive isso na minha cabeça, de não desistir, não importa quantas vezes eu caia.”, explicou Braulio, dizendo que a vontade de se manter ativo, ainda que de outra forma no esporte, tem relação com a sua personalidade que ficou famosa, a de campeão.
Natural de Pernambuco, Braulio comentou as dificuldades para buscar treino no Rio de Janeiro
A trajetória de Braulio Estima rumo à glória no Jiu-Jitsu não foi nada fácil. Natural de Pernambuco, Estima comentou que passava cerca de dois dias em viagem para chegar no Rio de Janeiro. Uma estadia curta na Gracie Barra de Roger Gracie, mas que ele aproveitava ao máximo.
Em 2009 Braulio considera ter atingido o seu auge por conta dos títulos obtidos, nesse ano ele conseguiu o tricampeonato de kimono pela IBJJF e duas medalhas de ouro, campeão peso e absoluto, no ADCC. Na entrevista, o faixa-preta revelou que conseguiu até mais do que almejou, mas uma sensação de incompletude o invadiu nessa etapa da carreira. A solução para isso foi compreender que o seu conhecimento de Jiu-Jitsu poderia mudar a vida das pessoas ao seu redor.
“Quando eu cheguei em 2009 eu vi que tinha feito bem além do que sempre sonhei e por que eu não estava me sentindo completo ainda? Não estou dizendo que não foi bom, fez parte do meu processo de desenvolvimento e evolução, mas eu senti que algo faltava e comecei a olhar para trás. Eu vi que cheguei até ali, além do meu sonho, pelo fato de passar cada momento na academia, com os meus alunos, com o Roger (Gracie) e vice e versa, nós estávamos intencionados a fazer a diferença no Jiu-Jitsu das pessoas ao nosso redor. Como contribuição, vem a evolução pessoal também.”, revelou.
No ADCC, em 2009, Estima trilhou um caminho impecável rumo ao triunfo no peso e no absoluto
Com relação aos tempos áureos da competição, Braulio Estima relembrou o desafiador ADCC de 2009. Nesse torneio, ele venceu Rafael Lovato e André Galvão na semi e na final da divisão até 88 kg. Em ambos os casos finalizou, aplicando o famoso Estima Lock e o triângulo invertido, que ele reivindica a primeira execução, respectivamente. No absoluto, os últimos oponentes foram Vinny Magalhães e Xande Ribeiro. Nas quartas do aberto, ele também inovou finalizando Marcelinho Garcia em um katagatame invertido para avançar na chave.
“Quando eu fui campeão mundial, eu estava me sentindo bem, confiante. Eu já tinha sentido esse choque, de saber que eu era capaz e em 2009 cheguei no ápice da minha carreira, onde ganhei peso e absoluto finalizando os maiores nomes do Jiu-Jitsu mundialmente, de forma bem convincente e única. Foi quando aconteceu o primeiro Estima Lock no mundo, o triângulo invertido também.”, relembrou o ídolo.
