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Marcio André conta como conseguiu vencer a depressão e dar a volta por cima: “Não tinha vontade de fazer mais nada”

No quinto episódio do Off the Mats, o faixa-preta hoje professor nos Estados Unidos fala sobre as adversidades e a capacidade de superá-las

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Marcio André comemora o título mais significativo da carreira na faixa-preta, o ouro do Pan em 2023.
Marcio André comemora o título mais significativo da carreira na faixa-preta, o ouro do Pan em 2023. Foto: @lunivers.athletics

Hoje Marcio André está fortemente estabelecido no cenário do Jiu-Jitsu, como atleta e empresário, mas a vida nem sempre foi generosa com ele. Tendo que amadurecer precocemente por conta de grandes perdas, o jovem nascido e criado na periferia do Rio de Janeiro descobriu no Jiu-Jitsu uma oportunidade de crescimento. 

Alçando os primeiros voos na competição ao lado de Fábio Andrade, uma das figuras mais emblemáticas da Nova União, Marcio André viveu um auge, passou por um declínio na carreira e recolheu forças, uma qualidade que ele trouxe de volta à tona, para ressurgir das cinzas. Na trajetória, ele tem quatro títulos do Europeu na faixa-preta, um ouro do Pan-Americano, um marco, e uma primeira colocação no Mundial No Gi. 

No Off the Mats, Marcio André falou sobre as escolhas nos primeiros dias de faixa-preta

No quinto episódio do Off the Mats, já disponível no YouTube, Marcio André conversa com o jornalista Vitor Freitas para reviver conquistas importantes e falar, com franqueza, sobre a fase mais sombria da vida, na qual passou pela depressão. Ao relembrar suas primeiras decisões como faixa-preta, Marcio contou que, logo depois de ter sido graduado por Fábio Andrade, surgiu a oportunidade de mudança para Abu Dhabi quando a região ainda não era um polo do esporte. A escolha, que confundiu muita gente na época, foi esclarecida na entrevista.

“Quando chegou o momento de virada de chave, foi uma fase muito difícil da minha vida. Eu perdi minha mãe, problemas familiares. Muita coisa foi acontecendo e realmente chegou uma época que achei que devia parar, queria estudar para passar para a polícia e eu sempre fui um cara muito focado e dedicado. Depois que eu ganhei o World Pro na categoria, me deram uma oportunidade de ir para Abu Dhabi a trabalho e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.”, explicou Marcio.

Jornada rumo ao pódio do Mundial da IBJJF de 2016 foi uma das mais memoráveis

No Off the Mats, Marcio André falou também de uma medalha, não dourada, mas muito significativa na carreira: a prata do Mundial da IBJJF de 2016. Na competição, ele passou ileso por Bruno Frazatto e Rubens Cobrinha, competidores fortíssimos da divisão. Na final, ele ficou com o segundo lugar depois de uma luta dura com Rafa Mendes, com dez pontos para cada lado, decidida na vantagem. Foi um ano de extrema autoconfiança para Marcio, que conseguiu ainda os títulos do World Pro da AJP e do Mundial sem kimono da IBJJF. 

Depois desse período, Marcio André se viu perdido quanto aos seus objetivos como atleta de Jiu-Jitsu e algumas conquistas pessoais, como o nascimento da filha, acabaram se misturando nessa fase de profunda incerteza. As vitórias de antes deixaram de ser frequentes, assim como a vontade de vencer. O retorno ao topo, que aconteceu no Pan de 2023, teve um significado muito profundo. Subir os degraus do pódio para receber uma medalha nunca foi tão simbólico para alguém que voltava a ascender na vida.

“Eu lembro que antes do Pan eu estava conversando com os meus alunos sobre fé, sobre vontade, eu estava mais próximo de Deus. Eu estava falando com eles e faltava uma semana para o Pan. Foi quando eu percebi que não ia ganhar. Isso me quebrou. Minha sogra e minha esposa me tiraram mais uma vez do buraco e trabalhei a semana toda para a luta. Na final, eu senti uma paz absurda, senti que Deus tinha me perdoado. Eu tive certeza que ia ganhar. Muita gente acha que eu chorei por causa do título, mas foi o simbolismo”, afirmou.

Assista na íntegra a entrevista com Marcio André no quinto episódio do Off the Mats:

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Escrito por Emmanuela Oliveira

Emmanuela Oliveira é faixa-marrom de Jiu-Jitsu e formada em Comunicação Social. Dentro do tatame, aprendeu que é possível conjugar Jiu-Jitsu, escrita e o gosto pelas artes visuais em um só pacote.

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