
A comunidade do Jiu-Jitsu está em festa com a volta de Marcelinho Garcia. Expoente da arte marcial e considerado por muitos como o grappler N°1 de todos os tempos, Marcelo voltou à ativa depois de quase quinze anos sem competir. Um hiato longo, que impôs ao ídolo um desafio inimaginável – a luta contra o câncer que durou dois anos.
No dia 24, última sexta, Marcelinho estreou no ONE, organização que viabilizou o tão sonhado retorno ao grappling do tetracampeão do ADCC. Pouco antes do confronto contra o japonês Masakazu Imanari, oponente perigoso que Marcelo venceu por finalização, ele conversou com o jornalista Vitor Freitas, em uma entrevista exclusiva disponível no YouTube, e comentou pontos importantes da vida e carreira.
O que se passava na cabeça de Marcelo Garcia quando ele decidiu enveredar por novos caminhos profissionais ou quando decidiu se ausentar dos tatames? De acordo com ele, sempre movido a desafios, quando o nível de dificuldade diminuiu, a vontade também acabou ficando aquém.
“Eu acho que a gente como ser humano, a gente se acostuma com tudo o que é bom, com tudo que é fácil. Quando perde o desafio, é normal a gente perder o interesse e isso aconteceu em 2007. Foi quando eu fui lutar MMA, porque eu queria algo novo. Infelizmente ficou fácil e eu queria um desafio maior. (…) Eu fiquei dois anos parado, que eu acho muito tempo, e consegui ganhar mais três mundiais de kimono e mais dois ADCCs.”, disse Garcia.
Ao falar sobre o câncer, Marcelo Garcia diz que a energia positiva que recebeu o ajudou a se manter firme rumo à cura
Ao falar sobre o assunto mais delicado da sua vida, o diagnóstico de câncer no estômago, Marcelo Garcia comentou a fase com mais detalhes e enfatizou a importância de dividir a carga de um grande problema com pessoas próximas.
“Eu perdi a minha mãe para o mesmo câncer, eu imaginava meus filhos passando pelo que eu passei. Aquilo foi o pior para mim. Ao mesmo tempo eu passei por coisas boas, o carinho que recebi de todo mundo. Eu precisei dividir logo, precisei falar com as pessoas que estava doente. O meu diagnóstico saiu, de que era maligno, no dia do meu aniversário. As pessoas me dando parabéns e eu estava me sentindo sufocado naquelas emoções. Eu não sabia como as pessoas podiam receber isso. Foi a maior surpresa que eu poderia ter, eu recebi carinho demais, de todo mundo.”, explicou.
Tempo parado fez com que o multicampeão se sentisse um estreante de novo: “Ansiedade boa”
Sobre a estreia no ONE, Marcelo Garcia comparou a ansiedade com um atleta juvenil. Afinal, o tempo que ele ficou afastado das competições é bastante considerável. Existe uma geração de jovens atletas que conhece Marcelo pelo legado, mas nunca o viram em ação. Seus filhos fazem parte desse nicho.
“Até a definição da televisão vai ser melhor do que as minhas lutas de antes. Meus filhos vão poder ver isso, vai ser legal demais. Eu estou há quase quatorze anos sem lutar, 14 anos. É como se fosse a minha primeira luta de novo, só que com toda a experiência e toda a bagagem que eu tive nesses anos todos. Eu estou me sentindo como se tivesse lutando aquele primeiro campeonato de juvenil, só que a vontade nunca acabou.”, reforçou.