O Mundial Master da IBJJF, que aconteceu no final de agosto em Las Vegas, nos Estados Unidos, mostrou a força do Jiu-Jitsu de atletas mais experientes, com especial destaque para o feminino. Luciane Antunes, uma das campeãs do evento, é uma dessas atletas que ocuparam o lugar mais alto do pódio na competição. Representante da Checkmat, faixa-preta dois graus, Luciane foi a campeã do Master 1, na categoria leve. Em entrevista ao VF Comunica, ela compartilhou mais uma conquista em um ano desafiador: ela é a terceira melhor atleta do mundo pelo ranking da IBJJF, dentro dessa divisão de idade.
“Ano passado eu finalizei o ranking Master 1 na segunda colocação por ter vencido o Campeonato Brasileiro, peso e absoluto, e o Pan-Americano. Isso me gerou muitos pontos e acabei na segunda colocação. Apesar de ter terminado o ranking em terceiro lugar esse ano eu estou mais feliz do que no ano passado, porque eu tive algumas lesões e precisei saber lidar com isso. Ser campeã mundial e fechar o ranking no top 3 foi motivo de muita felicidade pra mim.”, vibrou.
Para continuar carreira como atleta, Luciane precisou superar obstáculos emocionais
A história de Luciane no Jiu-Jitsu começou aos 17 anos de idade, em São Roque, São Paulo, onde nasceu. Eduardo Meloni, faixa-preta, foi o primeiro professor dela, alguém que fez com que ela se apaixonasse pela luta e descobrisse esse talento. Nas primeiras competições, ainda na faixa-branca, mesmo que o resultado fosse positivo, ela sentia sempre a necessidade de evoluir. Uma característica que ela preserva até hoje, mesmo campeã na faixa-preta. Para chegar onde chegou, Luciane teve que superar obstáculos que quase interromperam sua carreira no esporte e mudar foi a única solução para não desistir.
“Após o falecimento do meu Professor Du Meloni eu pensei em desistir do Jiu-Jitsu, mas consegui juntar um pouco de força que ainda me restava e me mudei para Curitiba, onde conheci meu atual professor, o Sebastian Lalli, da Checkmat. Desde então, eu comecei a ter um treinamento mais minucioso com o Seba me ajudando. O meu primeiro título, que eu considero importante, foi representando a Checkmat em 2021. Eu venci o Campeonato Brasileiro lutando de adulto, na faixa-preta. Logo na sequência, eu ganhei também o Sul-Americano.”, comentou Luciane
Depois do ouro duplo no Brasileiro da IBJJF, faixa-preta da Checkmat começou a conquistar o mundo
Na sequência, Luciane teve uma campanha expressiva em competições internacionais. Em 2022, participou do Europeu da IBJJF, em Roma, e ficou com a medalha de bronze lutando no médio. No circuito mundial da AJP, os resultados da faixa-preta a colocaram em uma posição privilegiada no ranking do Grand Slam da federação. Na divisão das leves, ela alcançou o segundo lugar, ficando atrás apenas de Júlia Alves. Na temporada passada, Luciane Antunes conseguiu a glória máxima no Brasileiro, venceu peso e absoluto. Antes, na Flórida, ela foi a melhor do peso aberto, no Pan da IBJJF.
Hoje, por conta da rotina de atleta presente nos principais torneios pelo mundo, fazer intercâmbio entre Brasil e Estados Unidos se tornou uma necessidade. Ativa nos treinamentos, Luciane reveza entre Califórnia e Curitiba, buscando a melhora da performance em diferentes filiais da Checkmat, incluindo o QG comandado por Leo Vieira.
“Quando estou nos Estados Unidos eu treino com o mestre Lucas Leite na Checkmat La Habra, na Califórnia, e também com o Leo Viera, na Checkmat HQ em Long Beach. No Brasil eu treino com meu mestre Sebastian, na Checkmat Equipe 1, em Curitiba. Eu também tenho a minha própria academia, a Shodan em Pinhais, no Paraná”, explicou.
Para sagrar-se campeã no Mundial Master, Luciane teve que fazer um total de três lutas mesmo sendo cabeça de chave, um privilégio das melhores posicionadas no ranking. Esse nível de dificuldade revela a evolução do esporte, principalmente se tratando de Jiu-Jitsu feminino, já que muitas mulheres, por conta de imposições sociais, acabam abandonando a carreira antes de conquistar a faixa-preta. Ao falar sobre o momento propício vivido pelas mulheres do esporte, Luciane comentou também sobre a estratégia que ela usou para vencer.
“Minha estratégia foi focar luta após luta, como se todas fossem a final. Muitas vezes, em outras competições, eu perdia o foco tentando observar tudo, o estilo de todas as minhas adversárias, mas no campeonato Mundial nunca se sabe quem irá avançar. Então, eu entrei com a mentalidade de que todas seriam uma final para mim, até a medalha de ouro chegar. Na minha categoria de peso, na faixa-preta, tinham 15 meninas, se não me engano. No pena, tinham ainda mais. Isso é impressionante, ver esse crescimento. Quando eu estava nas faixas coloridas e também no meu primeiro ano de faixa-preta, eram poucas meninas em competições grandes. Isso mostra a nossa grandeza no esporte.”, afirmou orgulhosa.