
O Europeu da IBJJF, em Lisboa, terminou no último sábado, dia 25, e no mesmo dia um acontecimento abriu caminho para a polêmica. A final do absoluto, que aconteceria entre Marcos Carrozzino e Marcus ‘Scooby’, acabou sendo anulada em decorrência da desclassificação dos dois finalistas por falta de combatividade. A decisão da arbitragem foi questionada, como é de costume em decisões drásticas como essa, e muito se discutiu sobre a interpretação de regras.
Para o faixa-preta, empreendedor, professor de Jiu-Jitsu e competidor – ele foi um dos campeões no Europeu -, existem algumas medidas que podem ser adotadas para aprimorar o trabalho de arbitragem. Principalmente em torneios mais longos, o Europeu durou nove dias, seria interessante reservar um grupo de árbitros para atuação restrita às lutas dos faixas-pretas do adulto. As finais acontecem no último dia de torneio, quando os juízes já estão exaustos.
Na opinião de Bruno Bastos, regras devem ser mais compreendidas dentro da prática do esporte
Outra iniciativa bem-vinda seria escalar os árbitros mais experientes e totalmente familiarizados com a regra na prática para as competições de Grand Slam. Ex-competidores seriam ideais para compreender a realidade de uma luta e aplicar a regra de forma satisfatória.
“Os juízes aplicam a regra pelo que a regra é, mas sem entendimento do Jiu-Jitsu. Às vezes não entendem o que está acontecendo durante a posição. Na minha concepção, pessoas que foram competidoras podem entender melhor algumas situações de luta. Eu não gosto quando os dois atletas tomam punição, mas você vê claramente que foi um dos atletas que não deixou a luta prosseguir, mas os dois são punidos. É interpretativo. O juiz acha que os dois não estão fazendo nada.”, apontou Bruno Bastos durante conversa com o jornalista Vitor Freitas, no ‘Nerds do Jiu-Jitsu’.

Chegada do VAR amenizou erros humanos nas competições de Jiu-Jitsu
A regra no Jiu-Jitsu é estruturalmente interpretativa e a chegada do VAR ajudou a dirimir a margem de erro humano. Isso é inquestionável. Outra questão levantada por Bruno diz respeito à interpretação, endossada por mais de um árbitro, incluindo a assistência de vídeo, nas grandes decisões de um campeonato do porte do Europeu.
“Regra é regra, mas tem que ter bom senso também. De novo, é interpretação. Para mim, eles não estavam ‘não lutando’, para tomar quatro punições. Mas essa é a minha visão. Você tem o árbitro central, os dois laterais e os dois do VAR. Então, os professores ficam atados. Como discordar de cinco pessoas? Eu, como alguém que faz curso de regras, que já trabalhou com arbitragem, vi a aplicação das regras, mas não vi uma luta que coubesse quatro punições.”, complementou.
Com a desclassificação de Carrozzino e ‘Scooby’, Luis ‘Cantareira’ e Leo Ferreira, terceiros colocados no peso aberto, foram promovidos para a disputa final. Quem levou a melhor na nova configuração do absoluto foi ‘Cantareira’, que garantiu o ouro duplo do Europeu no Pavilhão em Lisboa.