Foi diante de dificuldades que Roney Edler descobriu sua verdadeira vocação. Iniciado no Jiu-Jitsu no interior do Ceará, faltavam recursos e material humano para desenvolver um treino parecido com aquele que era rotina dentro das academias no Rio de Janeiro, por exemplo, um grande polo do Jiu-Jitsu no Brasil.
“Na época, era difícil ter acesso a um faixa-preta. Eu treinava às vezes em cima de caixas de papelão, com lona grossa de caminhão. Quando víamos um faixa-roxa, era coisa de outro mundo. Só para ter uma ideia, eu passei quatro anos na faixa-branca, treinando e competindo, mas eu não tinha acesso a um faixa-preta para me graduar. Fazendo o meu melhor, fui 10 vezes campeão cearense e em 1999 conquistei minha faixa-azul.”, contou.
As graduações de Roney Edler, de azul à preta, vieram pelas mãos de Guilherme Santos, mestre da Nova União, equipe que Edler fez parte até montar a sua própria equipe, a Sertão BJJ. Desde o início, mesmo em um cenário escasso, Roney se mostrava um atleta esforçado, que viajava para buscar treinos e competições fora da sua zona de conforto no interior do Ceará.
“Eu me atualizava e trazia técnicas para compartilhar com os meus parceiros de treino. Foi assim que fui tomando gosto.”. relembrou Roney, o primeiro nordestino a ganhar, em 2005, a seletiva para lutar um Mundial de Jiu-Jitsu que na época aconteceu em São Paulo.
Com a mudança para os Estados Unidos, Roney tem mais recursos para oferecer aos seus atletas
Se um dia Roney Edler teve que viver de um Jiu-Jitsu sem oportunidades, hoje ele está nos Estados Unidos, uma das melhores localidades para quem tem o esporte como profissão. Com uma carreira de atleta sem investimento e incentivo, Roney teve que se planejar com os próprios recursos para conseguir se mudar definitivamente.
“Hoje moro nos Estados Unidos, tenho minha própria equipe e estou fazendo tudo na medida do possível para retribuir, fazer o que não fizeram comigo. Aqui, as oportunidades são para quem quer, e não para quem eu quero. Estou lutando para tirar o visto de atletas da minha equipe no Brasil. Infelizmente é difícil e caro, mas não vamos desistir. Dois atletas já tiveram o visto negado, duas vezes, mas nem por isso vamos desanimar. O trabalho continua.”, afirmou o líder.
A maior contribuição é ajudar “a formar pessoas do bem na sociedade”
Com caráter moldado pela prática do Jiu-Jitsu, Roney Edler é hoje um faixa-preta grato por tudo que o esporte lhe proporcionou ao longo do caminho. Ele conhece o poder transformador da arte marcial e hoje tem como missão fazer com que mais pessoas compreendam esse significado.
“Eu entrei no Jiu-Jitsu e o esporte me encaminhou para outras estradas da vida. Hoje, através dele, tento mudar vidas de jovens no nordeste. Eu tenho um espaço na região que funciona captando jovens para que não entrem no caminho das drogas. Assim, eu ajudo a formar pessoas do bem na sociedade.”, finalizou.