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Conheça o Código Marcial, o curso pioneiro de capacitação de professores de artes marciais

Eduardo Dantas, idealizador do projeto, disse que o objetivo do curso é regulamentar a profissão no Brasil

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Imagem promocional vinculada em campanha de divulgação do curso Código Marcial.
Imagem promocional vinculada em campanha de divulgação do curso Código Marcial. Arte: Divulgação / Código Marcial

Não dá mais para ignorar que o ofício de instrutor e professor de artes marciais é hoje uma profissão colocada em prática mundialmente. No entanto, entre o próprio ambiente da luta, é corriqueiro que se trate a função na informalidade e no estilo de dar aulas quase que intuitivamente. Eduardo Dantas, mais conhecido como Dudu, faixa-preta de Jiu-Jitsu de Dedé Pederneiras e lutador de MMA com passagem pelas maiores organizações do mundo, foi o idealizador do Código Marcial, um projeto de formação e capacitação de instrutores e professores de artes marciais, independentemente da modalidade, que alcançou reconhecimento acadêmico. 

A proposta é preparar e ceder ferramentas para que os professores de luta no Brasil possam ser mais habilitados para exercer sua função, impactar positivamente a vida dos alunos e conquistar autonomia financeira. Em conversa com a equipe do VF Comunica para explicar melhor os pormenores do curso, Dudu contou como surgiu a iniciativa e falou mais sobre os motivos que fizeram a UNIRIO, universidade federal localizada na Urca, no Rio de Janeiro, abraçar a ideia e implementar o curso em sua grade de atividades.

Leia a entrevista completa abaixo: 

VF COMUNICA: Dudu, como começou a iniciativa de criação do Código Marcial, um projeto que conseguiu levar a proposta de formação de professores para dentro do ambiente acadêmico? É uma iniciativa pioneira, correto?

EDUARDO DANTAS: Sim, é o primeiro curso de capacitação e formação de professores e instrutores de artes marciais do Brasil. A iniciativa do Código Marcial aconteceu através de uma visita minha ao projeto Ecoar, no Complexo do Alemão, no Rio. Um projeto social esportivo bem próximo do teleférico, lá no alto, bem no coração do Complexo mesmo. Eu estava acompanhando o treino e uma menina chegou. Ela pulava de um lado para o outro. Foi quando a mãe dela chegou perto de mim e eu perguntei se a menina já treinava há algum tempo. A mãe me contou que ela estava treinando há cerca de duas semanas e tinha necessidades especiais, diagnosticada com o transtorno do espectro autista. Foi quando perguntei ao Binho, que dava aulas no local, se ele sabia como lidar com crianças nessas condições. Ele disse que não tinha essa especialização, mas que iria dar o seu melhor. Foi assim que eu tive a ideia de falar com um amigo meu, o Hugo Leal, deputado federal, explicando a necessidade de idealizar um curso de capacitação para esses professores.

VF COMUNICA: Como você foi recebido em uma universidade para falar sobre o Código Marcial?

EDUARDO DANTAS: Eu consegui a ponte com o reitor da UNIRIO, o José da Costa, através do Hugo e ele se mostrou receptivo e me tratou super bem. Eu disse que voltaria com um projeto mais robusto para apresentar. Nós começamos a desenvolver, disciplina por disciplina, e notamos que teríamos um curso completo, com a história da arte marcial, a história do Jiu-Jitsu. Foi assim que entrei em contato com o Pedro Valente para que ele pudesse contar essa história, a introdução do Jiu-Jitsu no Brasil, com a família Gracie e, posteriormente, a evolução do esporte. Depois disso, fui colocando mais professores e mais disciplinas. Eu encontrei professores maravilhosos, o Chico Salgado, um renomado personal trainer aqui do Brasil. A Kyra Gracie também abraçou a ideia, ela é responsável pelas aulas de empreendedorismo e gestão de academia, além de marketing pessoal. É um total de 13 disciplinas. Conseguimos recursos públicos, que vieram direto de Brasília, apoio do reitor da UNIRIO e desses profissionais altamente capacitados. Trouxemos também para o projeto o Felipe Nilo, uma referência em inclusão, no autismo dentro do Jiu-Jitsu, dentro das artes marciais. O Mike Martins é mais um nome, um expoente em coaching que vai ministrar aulas de metodologia aplicada às artes marciais. 

Eduardo Dandas conseguiu o apoio da UNIRIO depois depois apresentar a proposta do curso para o reitor da universidade federal.
Eduardo Dandas conseguiu o apoio da UNIRIO depois depois apresentar a proposta do curso para o reitor da universidade federal. Foto: Arquivo Pessoal

VF COMUNICA: Como esse tipo de formação pode enriquecer e credibilizar os professores de artes marciais do Brasil?

EDUARDO DANTAS: Costumo dizer que temos um nervo no corpo humano que, quando afetado, o ser humano é capaz de cometer atrocidades. O nome desse nervo é o bolso. O ser humano sem dinheiro é capaz de fazer coisas nada boas. Quando a gente pensou em montar esse curso, além de capacitar e formar professores, tínhamos como meta ceder embasamento sobre cada um desses assuntos: necessidades especiais, primeiros socorros, história e cultura da luta, metodologia, aprender e ter o seu próprio método, saber vender uma imagem, gerir a academia. Com isso dito, estamos dando mais ferramentas a esses alunos para que eles possam entregar uma aula melhor para todos. Isso leva a uma maior empregabilidade, mais formação, conhecimento e aumento da renda familiar. O professor ganha uma autonomia, deixa de depender somente de um projeto social, se torna responsável pelo próprio trabalho, quanto mais ele se dedica, mais se capacita e mais cliente consegue. O outro objetivo do Código Marcial é ser um projeto acadêmico, dentro de uma universidade. Queremos chancelar, de uma vez por todas, a profissão de instrutor e professor de artes marciais, regulamentar a nossa profissão. Com essa chancela de uma universidade, estamos buscando também parceria com o Ministério dos Esportes, só temos a crescer. 

VF COMUNICA: Quais são os requisitos para se inscrever e participar como aluno do curso?

EDUARDO DANTAS: O interessado só precisa ser professor ou instrutor que trabalhe com artes marciais, qualquer modalidade. A gente exige o preenchimento de um questionário que será analisado pelo time do Código Marcial e posteriormente entramos em contato. Primeiro acontece uma lista de espera. Caso o interessado seja aprovado, de acordo com o que foi preenchido no questionário, ele está apto a participar do curso. 50% das vagas são destinadas às pessoas que trabalham em projetos sociais. Então, essas pessoas têm prioridade no preenchimento das vagas. 

VF COMUNICA: O que o professor ou instrutor interessado em participar precisa saber para efetuar a inscrição?

EDUARDO DANTAS: Estamos com vagas limitadas e as inscrições, totalmente gratuitas, começam a partir de hoje, dia 11 de dezembro, para novas turmas em janeiro. Um curso com esse conteúdo e esses profissionais, sem custo, é algo realmente raro. 

VF COMUNICA: Qual é a duração total do curso em horas de conteúdo e as aulas acontecem em quais dias da semana? O curso vai disponibilizar algum tipo de material para o inscrito? 

EDUARDO DANTAS: As aulas acontecem somente aos sábados, de 9:00 até meio-dia, e depois, das 13 horas até às 16:00, podendo eventualmente se estender até às 17:00. São de seis a sete horas de aula por semana. O curso tem um total de 42 horas. São 12 professores e 13 disciplinas. As aulas acontecem dentro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a UNIRIO, no campus da Urca, zona sul do Rio. Facílimo acesso, tanto de metrô quanto de ônibus. Os alunos recebem camisa, estojo, caneta, etc. E-books e apostilas das disciplinas também serão disponibilizados, de cada professor. 

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Escrito por Emmanuela Oliveira

Emmanuela Oliveira é faixa-marrom de Jiu-Jitsu e formada em Comunicação Social. Dentro do tatame, aprendeu que é possível conjugar Jiu-Jitsu, escrita e o gosto pelas artes visuais em um só pacote.

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