
Marcelo Garcia, o ícone brasileiro derrotou adversários maiores e mais pesados, apesar de pesar cerca de 77 quilos. Agora volta à competição sob a bandeira do ONE Championship depois de mais de uma década desde sua última luta. Isso porque o atleta estava afastado dos tatames enfrentando o câncer, ele contou que nunca recorreu à esteroides justamente porque tomava muito cuidado com a saúde, depois de ver o que uma doença fez com sua mãe. Em uma entrevista ao MMA Fighting, Garcia explicou porque Gordon Ryan não pode ser nomeado o melhor de todos os tempos no grappling e justamente suspeita dele de que o americano fazia uso de esteroides, algo que ele é fortemente contra.
O brasileiro conquistou quatro medalhas de ouro no ADCC, além de cinco títulos mundiais da IBJJF, como faixa-preta entre 2003 e 2011. E agora ele vai enfrentar Masakazu Imanari em 24 de janeiro. Em uma entrevista, Garcia explicou porque Gordon Ryan precisa de tempo para mostrar o seu valor.
Garcia disse que “só o tempo” permitiria que Ryan entrasse na conversa como o melhor no grappling. O protegido de John Danaher não perde há quase seis anos, uma sequência que inclui 56 vitórias e dois empates. Dito isso, Garcia luta para aceitar sua presença na discussão, pois discordam sobre o uso de esteroides no jiu-jitsu.
“Ele está no topo agora, mas é difícil dizer que ele é o maior de todos os tempos”, disse Garcia. “Eu não quero ser hipócrita aqui. Eu sei que fiz muito. Já fiz muita coisa sendo do tamanho que tenho, 77 quilos, e enfrentando os melhores da minha categoria de peso e o absoluto, caras que eram maiores que eu, e imaginando que muitas pessoas estavam usando esteroides. E imagino que muitos dessa nova geração estejam usando esteroides.”
Ryan disse em um recente dia de mídia do UFC que “o problema é que se uma organização faz com que os PEDs sejam ilegais, mas todas as outras organizações em que você está competindo durante o resto do ano dizem que são legais, agora eu tenho que estar limpo durante todo o ano para competir por sua única organização.”
“Se ele continuar a competir e ninguém o vencer, e continuar a ter as performances que ele está fazendo, você não pode dizer (que ele não é o melhor)”, disse Garcia. “E ele é jovem também, é claro que ele pode ser esse cara. Mas posso dizer que tudo o que fiz foi livre de esteroides. Eu não sei se é o caso de Gordon,” falou rindo. “Para mim, esse é um ponto decisivo, se alguém precisava de ajuda extra ou não. Como as pessoas dizem, ‘essa pessoa não veio sozinha’ (para competir). Eu estava sozinho todas as vezes, apenas com meu treinamento e minha técnica. E quando as pessoas dizem: ‘Ah, mas todo mundo usa’. Não para mim. Essa desculpa não faz sentido para mim.”
“E essa é uma das razões pelas quais estou voltando a lutar, porque quero provar que você não precisa disso. E como provamos isso? Para mim, se alguém usou (esteroides) uma vez, ele já está contaminado. Você trapaceou o jogo. Eu tenho que defender isso porque é assim que sempre foi para mim. Desejo aos mais jovens – meus filhos, se um dia decidirem competir e ter sucesso, não quero que dependam disso.”
“Marcelinho” voltará aos tatames uma semana depois de completar 42 anos e vencer o câncer de estômago, e disse que ver sua mãe adotiva lidar com a mesma doença foi uma das razões pelas quais ele ficou longe dos esteroides durante todo esse tempo.
“Perdi minha mãe para o câncer de estômago também”, disse Garcia. “Não está conectado ao meu porque fui adotado, mas vivi câncer e me lembro de alguém me dizendo quando eu era jovem que o uso de esteroides, HGH, poderia aumentar as chances de ter câncer. Quando adolescente, isso foi o suficiente para eu dizer: ‘Não, por que eu arriscaria?’ Perdi minha mãe quando era jovem e tive que lidar com o câncer de uma maneira diferente antes, e não quero nada que possa prejudicar minha saúde e minha família. Tenho que defender isso até o fim porque funcionou para mim. Tive muito sucesso, não só na minha categoria, mas no absoluto, sem esteroides.”