Roney Edler é um dos professores de Jiu-Jitsu mais condecorados do Nordeste. Nos últimos anos, ele expandiu as fronteiras de seu trabalho para os Estados Unidos para abrir portas aos seus alunos que moram no Brasil.
Roney Edler fundou sua própria escola de Jiu-Jitsu, a Sertão BJJ e desenvolveu uma metodologia de ensino. A missão de Roney como professor é formar campeões dentro e fora dos tatames e proporcionar uma realidade digna aos alunos. Ele também tem filiais no Nordeste e fomenta o esporte na região.
O Nordestes é uma fonte de talentos do Jiu-Jitsu e Roney pretende colocar cada vez mais os nordestinos no topo do Jiu-Jitsu.
Em entrevista ao VF Comunica, Roney Edler contou por que decidiu fundar sua equipe de Jiu-Jitsu abordou os principais desafios quando chegou aos Estados Unidos.
VF COMUNICA: Quais foram os maiores desafios na sua chegada aos Estados Unidos?
RONEY EDLER: Meus maiores desafios foram a cultura e o outro idioma, pois tinha que me adequar aos costumes e tratamentos. Eu não sabia falar inglês e comecei a estudar antes de vir. Porém, cheguei aqui e tive dificuldade. Minha esposa, que é americana, foi quem mais me ajudou. Ela estava presente nas aulas e ela traduzia. Então, perdi o medo aos poucos e me joguei.Hoje já dou minhas aulas só e consigo me virar. Não tenho um excelente inglês, desenrolo.
Qual é a sua maior motivação para ensinar seus alunos?
É a própria arte marcial que pratico há 30 anos. O Jiu-Jitsu não só ensina uma luta, mas forma cidadãos e resgata vidas. É isso que me motiva em poder contribuir nesse mundo.
Roney, quando você decidiu que viveria em prol do Jiu-Jitsu?
Quando comecei a dar aulas profissionalmente e vi o quanto eu estava transformando vidas por meio do esporte que pratico.
Qual foi a mudança na sua postura na transição de atleta para professor?
Não houve uma transição porque ainda hoje saio na porrada em competições. Tenho isso no sangue e gosto de me testar sempre. Isso faz com que meus alunos se motivem e queiram competir. Como professor, preciso ser exemplo dentro e fora dos tatames. Sei que todos estão de olho, não só meus alunos, mas a sociedade. Então, temos que tentar todos os dias ser melhor que no dia anterior.
Por que você decidiu homenagear o Leandro Lo na sua academia?
São inúmeros os motivos, então vou contar um pouco. Além de eu me ver como ele no que diz gostar de viver a vida todos os dias, ele era uma inspiração para mim. O Leandro mostrou que temos que dar tudo no tatame e na vida independente de resultado. Assim como eu, ele gostava de estender a mão à galera. Então, como não homenagear um cara desse, Lendas nunca morrem.
Por que você decidiu fundar sua própria equipe?
Por diversos motivos e vou citar alguns que achei crucial. Da minha faixa-branca à preta, vi minha equipe ser negligente em não estender as oportunidades para o Norte e o Nordeste do Brasil. Com isso, deixavam sempre as oportunidades para os atletas da chamada “panelinha”. Se algum atleta quisesse uma oportunidade, teria que abandonar a família e e buscar sua oportunidade onde elas sempre ficavam, na sede. Mudei de equipe, mas estava acontecendo a mesma coisa. Então, esperei o tempo e amadureci a ideia junto com os meus alunos. Hoje tenho três faixas-pretas formados no Brasil que estão à frente das filiais da nossa equipe no estado do Ceará para fazer diferente do que citei acima o erro que via.
Roney, por que você decidiu fundar uma equipe de Jiu-Jitsu?
A equipe não está só aqui nos EUA, pois aqui é um braço dela. Além da minha academia aqui em Topeka, tenho mais três filiais no Brasil, no estado do Ceará. Esse sim é um desafio que estou dentro e não pretendo largar. Sou movido por desafios e quanto maior, mais gostosa é a conquista.
Quais são os seus objetivos como professor do seu time?
Formar pessoas do bem para a sociedade, resgatar quem está no caminho errado, transformar vidas e ajudar meus alunos a mudarem suas realidades e de suas famílias com essa grande porta, que é a nossa filial nos EUA.
O que diferencia a sua equipe das demais da região?
Somos mais que uma equipe, somos uma família. Todos se ajudam em todas as áreas e ninguém fica para trás. Foi o que aconteceu agora, já que ficamos em terceiro lugar no Badboy Classic. Alguns tinham patrocínio e outros conseguiram dinheiro, quem tem poder aquisitivo melhor ajudou. Estamos com quase 100% dos alunos das filiais, pois somos uma equipe recém-formada. Ainda uma grande expressão de atletas, mas chegamos com qualidade e fizemos todos os pódios das categorias que tínhamos atletas inscritos.
Você cogita trazer jovens do Nordeste para reforçar sua equipe?
Não cogito trazer não. Eu já estou trabalhando para dois chegarem aqui nos EUA. Desses dois alunos, um era da periferia da cidade e estava propício a morar em um bairro dominado por facção e a entrar no mundo do crime. O outro que mora no interior e tinha perspectiva de uma vida melhor por não ter oportunidades, mas encontrou uma chance por meio do esporte. Então, Com o pouco que temos, mandamos ambos para Blumenau. Eles treinam num projeto de um amigo que tenho e eles aparecem nos holofotes e no cenário nacional do Jiu-Jitsu. Então, o objetivo é que eles possam lutar em campeonatos expressivos. Um deu entrada no visto americano, mas negaram. Estamos correndo para trazê-los. Quando saí de Sobral, disse a todos que eu estava indo abrir as portas para quem quisesse. Então, a prioridade são meus alunos. Porém, tenho amigos fora de minha equipe que também estendo a mão. Temos uma bandeira de equipe, mas acima disso, levanto a bandeira do Jiu-Jitsu.