em

Franciele Nascimento, faixa-preta de Melqui Galvão, retorna ao MMA com planos de se consolidar

Atleta de Jiu-Jitsu com mais de uma década de experiência, Franciele vive uma rotina multifacetada de dedicação às artes marciais

Compartilhe!
Franciele Nascimento durante um dia de treinos na Escola de Jiu-Jitsu Melqui Galvão, em São Paulo.
Franciele Nascimento durante um dia de treinos na Escola de Jiu-Jitsu Melqui Galvão, em São Paulo. Foto: Divulgação / Instagram

Faixa-preta de Jiu-Jitsu e praticante da arte marcial há 11 anos, Franciele Nascimento tem no ano de 2025 uma oportunidade de brilhar forte como atleta. Dividida em várias funções desde que se tornou mãe e passou a dar aulas de Jiu-Jitsu, Franciele identificou que agora é o momento de reativar mais uma de suas facetas: lutadora de MMA. Com luta prevista para março no Shooto Brasil, no Rio de Janeiro, ainda sem adversária definida, a atleta manauara já está nos preparativos para sentir a adrenalina de entrar novamente no cage. 

“Meu camp começou agora em janeiro. Até então, eu estava só treinando Jiu-Jitsu, que é o esporte que eu pratico há 11 anos. Mas os treinos voltados para essa luta de MMA começaram esse ano mesmo. Estou treinando mais Muay Thai, para pegar uma base melhor no jogo em pé.”, contou Franciele.

Com um cartel no MMA composto de cinco vitórias e duas derrotas, Franciele compartilhou com a equipe do VF Comunica quais foram as circunstâncias, no mínimo inusitadas, que a encaminharam para essa carreira na modalidade mista de luta. Tudo começou despretensiosamente, apenas com o objetivo de fazer uma grana para os custos do visto e do passaporte, uma meta em comum entre atletas de Jiu-Jitsu.

“Minha carreira no MMA começou em 2015 e de forma muito aleatória. Eu precisava de dinheiro na época para tirar meu visto e passaporte. Eu me lembro que estava no transporte voltando de um treino e meu professor recebeu a ligação do organizador de um evento perguntando se tinha alguma atleta de MMA com interesse em lutar, valendo um certo valor pela bolsa. Ele desligou o celular e foi exatamente isso que falou: ‘Fran, você está a fim de sair na porrada?’. Aí ele me explicou dessa luta de MMA que teria em um mês, valendo dinheiro, e que isso poderia me ajudar nesse objetivo de tirar o visto e o passaporte. Minha intenção de primeira foi justamente essa, custear o passaporte e o visto. Nunca pensei em migrar para o MMA. Então, eu treinei um mês, já fui direto para o profissional, não passei pelo amador. Não ganhei a primeira luta, mas sobrevivi até o último round levando porrada (risos).”, explicou.

Com retorno ao MMA, Franciele teve que priorizar rotina de atleta; ela é grata pela ajuda que recebe para se manter ativa

A mulher atleta sofre pressões sociais de forma praticamente naturalizada. São demandas demais, dentro e fora de casa, para poucas horas úteis do dia. A consequência disso, em muitos casos, é o abandono de algumas das atividades e a carreira de atleta pode ser a primeira a ser eliminada da lista. Franciele Nascimento se recusou a fazer isso. Ela assume que não é uma super-heroína de história em quadrinhos e algumas lacunas acabam ficando sem preenchimento ao longo do caminho. No entanto, ela passou a entender isso de forma mais empática consigo mesma. 

“Hoje eu tenho múltiplas funções, sou mãe, professora, coach, atleta de MMA voltando agora, treino Jiu-Jitsu. É impossível tapar vários buracos ao mesmo tempo, já que eu não sou a Mulher Maravilha, mas tento dar o meu melhor em tudo. Gosto muito do meu trabalho, mas acontece de dedicar muito tempo a ele e aí percebo que não dei atenção suficiente para minha filha. Hoje em dia não sou mais a Fran de 17 anos, sem tantas responsabilidades. Não consigo sanar tudo em todas as minhas funções. Me cobro, me sinto culpada, mas agora entendo melhor isso.”, desabafou a atleta, que complementou dizendo que agora conta com a ajuda da irmã, que trocou de ramo profissional, e foi de Manaus para Jundiaí para ampará-la. 

A filha de Franciele é também uma de suas alunas. A mãe acompanha de perto o desenvolvimento da pupila no Jiu-Jitsu.
A filha de Franciele é também uma de suas alunas. A mãe acompanha de perto o desenvolvimento da pupila no Jiu-Jitsu. Foto: Divulgação / Instagram

O cuidado com a parte mental dos alunos fez com que a faixa-preta tivesse que se dedicar mais a estudos específicos

Ao falar sobre as suas inúmeras tarefas, Fran citou o trabalho de coach que agora desenvolve, envolvida com o ensino de Jiu-Jitsu para crianças. Ela contou que esse tipo de suporte acabou por aprimorar também a sua própria capacidade atlética. Afinal, dedicando tempo ao estudo do tema, ela conseguiu fortalecer a autoconfiança dos alunos e aplicar os aprendizados na atuação dela mesma como atleta.

“Esse trabalho começou em 2024, que foi o ano em que começamos a trabalhar mais com crianças competidoras. Isso elevou o nível do meu Jiu-Jitsu, meu nível de conhecimento. Eu passei a estudar muito mais, entender mais os meus atletas. Tive que me esforçar para entender a mente deles, a dar aulas de formas diferentes, porque dependendo da criança, muda muito, de pessoa para pessoa. Cada um absorve as informações de formas diferentes. Hoje tenho seis alunos que acompanho de perto, alunos particulares.”, detalhou.

Lutadora manauara recebe o segundo grau na faixa-preta pelas mãos do professor Melqui Galvão.
Lutadora manauara recebe o segundo grau na faixa-preta pelas mãos do professor Melqui Galvão. Foto: Divulgação / Instagram

Quando o assunto é exclusivamente Jiu-Jitsu, Franciele Nascimento se mostra grata por fazer parte de uma das equipes mais prestigiadas do cenário. Lapidando o próprio jogo na escola de Jiu-Jitsu Melqui Galvão, capitaneada pelo professor que a graduou à faixa-preta, a competidora diz que hoje aprendeu a dosar a qualidade dos treinos, sempre acima da quantidade. Uma compreensão que só chega com a maturidade como atleta.

“Eu tenho a bênção de fazer parte da melhor equipe do mundo. O meu professor (Melqui Galvão) tem uma mentalidade diferenciada, extremamente técnico, focado no trabalho dele. A minha rotina de treinos é mais para lapidar o que eu já sei fazer. Treino Jiu-Jitsu há 11 anos e agora tenho outras funções, sou professora também, os treinos diminuem, mas a qualidade não. Eu consigo manter a rotina de atleta e professora graças a isso, à qualidade acima da quantidade.”, ressaltou.

Compartilhe!
Avatar photo

Escrito por Emmanuela Oliveira

Emmanuela Oliveira é faixa-marrom de Jiu-Jitsu e formada em Comunicação Social. Dentro do tatame, aprendeu que é possível conjugar Jiu-Jitsu, escrita e o gosto pelas artes visuais em um só pacote.

Musumeci 1 VF Comunica Mikey Musumeci alega problemas de saúde logo após estrear no UFC

Mikey Musumeci alega problemas de saúde logo após estrear no UFC

WhatsApp Image 2025 01 11 at 13.10.50 VF Comunica Por que Aurelie Le Vern chega com favoritismo ao Europeu? VF Comunica te explica

Por que Aurelie Le Vern chega com favoritismo ao Europeu? VF Comunica te explica