
Leandro Lo construiu uma das carreiras mais impressionantes da história do jiu-jitsu competitivo. Seus oito títulos mundiais, conquistados em diferentes categorias e circunstâncias únicas, contam mais do que um simples retrospecto esportivo: revelam a evolução de um atleta que dominou o cenário com técnica, coragem, imprevisibilidade — e um estilo leve que enganava qualquer um. Lo parecia cansado, mas era só o corpo conversando… porque, na hora de explodir numa baiana, ninguém reagia.
Em 2012, Lo conquistou seu primeiro Mundial ao vencer Lucas Lepri por pontos na final dos leves. Foi o anúncio de um novo protagonista no esporte. No ano seguinte, 2013, repetiu o feito e mostrou que a categoria tinha um novo dono, ao bater Michael Langhi. Duas finais, duas vitórias, e uma certeza: aquele garoto sorridente da zona leste de São Paulo estava reescrevendo a lógica dos leves.
Mas Lo nunca foi de se acomodar. Em 2014, decidiu subir para o peso médio. Na final venceu Otávio Sousa por 9 a 6 em uma das lutas mais movimentadas daquela edição. O duelo parecia ida e volta de campeonato: cada ataque gerava uma resposta imediata. No fim, Lo foi Lo — sempre um passo à frente.
Em 2015, já como meio-pesado, dominou Tarsis Humphreys por 7 a 0. Controle absoluto, ritmo impecável, e a sensação de que ele entendia o tatame como poucos. No ano seguinte, 2016, enfrentou o lendário Rômulo Barral e venceu por 5 a 0. Uma performance limpa, precisa, quase didática — daquelas que fazem a torcida acreditar que o jiu-jitsu, às vezes, pode mesmo ser simples.
A conquista de 2018 entrou para o imaginário da comunidade. Lo chegou à final do absoluto lesionado, e Marcus Buchecha, seu amigo e um dos maiores competidores de todos os tempos, abriu mão da luta em respeito. Um gesto raro, humano e simbólico. Lo subiu ao topo da maior categoria do jiu-jitsu mundial não apenas como atleta — mas como figura central de uma história de irmandade.
O título de 2019 carrega uma história à parte. Leandro Lo disputou a final do peso pesado contra Kaynan Duarte e saiu derrotado. Mas meses depois, Kaynan foi flagrado no doping por uso de Ostarine. A IBJJF anulou o resultado e, pela correção esportiva, declarou Leandro Lo campeão mundial daquele ano.
Por fim, em 2022, veio o último capítulo dessa trajetória mítica. Na final do meio-pesado, Lo encarou Isaque Bahiense e venceu com sua clássica baiana — aquela mesma que surgia do nada, entre ombros caídos e respiração pesada, e desmontava qualquer estratégia adversária. Era a assinatura técnica do ídolo. Era também o último golpe de uma carreira memorável.
Oito títulos mundiais. Cinco categorias diferentes. Vitória por técnica, por estratégia, por superação — e até por justiça do esporte. As finais de Mundial de Leandro Lo não são apenas uma estatística. São a narrativa viva de um competidor que expandiu os limites do jiu-jitsu e deixou um legado impossível de replicar. Lo não apenas venceu Mundiais; ele dominou eras, inspirou gerações e colocou seu nome entre os maiores atletas que já pisaram num tatame.

