Emmanuela Oliveira 
Saindo do lugar-comum do formato de entrevistas veiculadas no meio digital, o VF Comunica leva ao público uma nova proposta que modifica o ambiente e a forma de interação entre entrevistador e entrevistado. A série Off The Mats, para começar em grande estilo, precisaria de um convidado de peso para gerar ainda mais impacto e interesse por parte da audiência do VF. O convidado foi Xande Ribeiro, lendário lutador de Jiu-Jitsu, sete vezes campeão mundial e um veterano que reinou no ADCC. Uma lenda do Jiu-Jitsu moldada na época da rivalidade com a Luta Livre; tempos bem diferentes desse que vivemos hoje, com a enorme expansão da arte marcial pelo mundo, encarada como um esporte sério e transformador.
“Se for voltar em 1991, quando eu comecei, isso não existia. A gente treinava para não chegar na rua e apanhar do pessoal da Luta Livre. Era muito disso. Eu até converso com a galera, digo que eles pegaram uma época muito boa. Antigamente, até andar com uma camisa de Jiu-Jitsu era perigoso.”, contextualiza, logo no início do bate papo.
Atualmente, Xande Ribeiro é o nome mais ilustre por trás da fundação da Six Blades Jiu-Jitsu, equipe responsável pelo treinamento de atletas que compõem a elite do esporte, como Victor Hugo, atual campeão mundial da IBJJF, peso e absoluto. Tendo passado por todas as fases do Jiu-Jitsu, entre baixos e altos, nessa ordem, Xande Ribeiro comentou a respeito da enorme oferta de eventos.
“Na minha época, eu lutava um Mundial e passava três meses sem lutar campeonato nenhum, aí aparecia uma luta casada, tipo isso. Então, chegar onde estamos hoje, quando na verdade você tem quase que recusar eventos que querem te pagar em dinheiro. Eu tive uma situação agora, com o próprio Rafael, ele foi convidado para lutar o ADXC no Brasil, mas não vai poder lutar porque já tem outro evento.”, revela.
Xande Ribeiro reinou no ADCC, com múltiplas performances e vitórias
Reconhecendo o ADCC como a organização que deslanchou a sua carreira, dentro da maior organizadora de torneios de grappling do mundo, Xande Ribeiro bateu a marca de 30 vitórias em 43 lutas. Se ele viveu a evolução do Jiu-Jitsu praticado com kimono, o mesmo aconteceu com o grappling.
“A minha carreira toda foi feita no ADCC. Eu nunca tinha lutado nada. De novo, voltando lá para 1991, a gente só tirava o kimono para cair na porrada. Não tinha na academia, hoje é No Gi, não tinha isso não. Existia aquele orgulho, se tirar o kimono é porque está na Luta Livre.”, relembra, rebobinando a fita para o seu início no sem pano, no ano 2000. Aliás, fato curioso: foi em um evento sem kimono, no Arnold Classic, que Xande Ribeiro foi graduado à faixa-preta pelo seu irmão Saulo Ribeiro.
A rivalidade de Xande Ribeiro com Roger Gracie é outro ponto alto da conversa e marco da trajetória de Xande. Gracie Humaitá, escola de Xande, versus Gracie Barra, time do Gracie. Campeão peso e absoluto do Mundial da IBJJF, Xande venceu Roger no duelo final da chave do peso aberto em 2008, repetindo o feito de 2006. Vitória maturada por um bom tempo, com uma estratégia que ele guardou ao longo do tempo.
“O Roger tem um jogo muito clássico, ele é mais lento. Eu ganhei dele em 2006, porque eu tinha dado um duck under nele e fiz a vantagem assim. Então, como ele fazia muito aquele tipo de pegada cruzada, eu tinha treinado com o Bob Anderson, uma semana antes e tinha melhorado meu duck under, o “Xande-Guruma”, não é? Eu dei a mesma queda nele duas vezes. (…) Eu vendo a luta e pensando, que idiota, o que você pensa que está fazendo? E o Roger cada vez mais favorável atacando meu braço. Se durasse mais uns cinco segundos, eu ia ter que deixar quebrar o meu braço, entendeu?”, detalha, relembrando uma das lutas mais lendárias de todos os seus anos em atividade como lutador, competidor e campeão.
Assista a entrevista completa com Xande Ribeiro na série Off The Mats, no canal VF Comunica, no YouTube!
