Emmanuela Oliveira 
Tudo que acontece hoje no Jiu-Jitsu, mais especificamente nas artes marciais como entretenimento, as lendas do esporte já conhecem por experiência própria e, consequentemente, possuem excelentes histórias para contar. No primeiro capítulo do Off The Mats, série de entrevistas disponível no canal VF Comunica, no YouTube, Xande Ribeiro conta uma experiência nomeada por ele como o “primeiro trash talk da história”.
Alexandre Ribeiro, manauara, chegou no Rio de Janeiro em 1999. Irmão de Saulo Ribeiro, era visto como uma promessa do Jiu-Jitsu, um título que fez por merecer. Nessa época havia um nome que o jovem Xande tinha argumentos para colocar em seu radar: Ricardo Bastos, fera que vinha derrotando nas competições alguns colegas de treino. Um dia, Fernando Tererê alimentou essa combustão.
“Eu cheguei no Rio de Janeiro em 1999 e o Ricardo Bastos tinha vencido uma galera da minha academia. Esse foi o primeiro trash talk da história. O Fernando Tererê foi o meu primeiro amigo fora da academia. Um dia ele me disse que o Ricardinho (Bastos) tinha falado que ia me dar um ‘nó’. Quando eu ganhei do Ricardo na final do Mundial, eu cheguei em uma posição boa, olhei para o lado e sorri para a câmera. Essa foto saiu em um jornalzinho, eu rindo.”, recorda em um tom que hoje é permitido ser cômico. No entanto, de acordo com Xande, a atitude ousada foi um arrependimento que ele teve. Sentimento que motivou um pedido posterior de desculpas a Ricardinho.
Xande Ribeiro diz que trash talk no Jiu-Jitsu pode ser injusto
Quando comparada com os tempos atuais, com as provocações difundidas com a velocidade na luz graças aos meios de comunicação modernos, a realidade do trash talk raiz era bem diferente, feita à base do boca e boca, do telefone sem fio com a informação passando de pessoa para pessoa, até que o receptor se deparasse com o recado “malcriado”. Era assim e a partir disso as diferenças eram resolvidas no tatame. Ao expor a sua opinião sobre o trash talk, Xande fez uma observação sobre a ausência do fator “porrada” em uma disputa de Jiu-Jitsu. Segundo ele, por conta disso, o trash talk é um recurso mais justo no campo de batalha do MMA.
“Antigamente era muito mais tribal, entendeu? O que o pessoal não entende hoje em dia, sobre o trash talk, o que eu acho injusto, no Jiu-Jitsu especialmente, é que se você fala merda de mim, eu não posso te dar porrada, aí vira violência e crime. No MMA é diferente, você vai me xingar e eu vou pelo menos ter a chance de te dar uma porrada na cara.”, aponta em comentário pertinente e que realmente faz sentido. Talvez seja mesmo por isso que o trash talk seja muito mais praticado entre atletas de MMA, com inúmeros exemplos proferidos por um grupo enorme de atletas, tais como Chael Sonnen e Conor McGregor.
Assista a entrevista completa com Xande Ribeiro no canal VF Comunica, no YouTube!
