Texto: Mayara Munhos e Vitor Freitas

Após o Pan Americano da IBJJF, muitas pessoas vieram a público para falar sobre fechamento. No masculino, quatro das dez categorias não tiveram finais por conta de fechamento, sendo 3 consecutivas. Então vamos apontar alguns lados.
ATLETA/EQUIPE: criou-se no Jiu-Jitsu o costume de “fechar” com parceiros de equipe para que eles não precisassem se enfrentar nos campeonatos. Para começar, não estamos aqui para condenar a decisão de ninguém, porque isso é pessoal. Também entendemos que não é fácil ter que enfrentar algum amigo ou parceiro de equipe. Estamos aqui para falar sobre a visão de mídia em relação ao fechamento.
MÍDIA/PÚBLICO: pensando racionalmente, o quanto um fechamento é benéfico para a mídia, para o público e para o PROFISSIONALISMO do Jiu-Jitsu?
Um exemplo prático no Tênis para fazermos um paralelo: as irmãs Williams (Serena e Venus) são duas jogadoras que fizeram história do esporte. Serena já venceu 23 Grand Slam. Venus já venceu 7. Elas treinam juntas desde criança, cresceram com uma forte influência do pai as puxando para o tênis. Juntas já disputaram torneio de duplas. Porém, também são rivais: elas já se enfrentaram 30 vezes em circuitos profissionais. Imagine se a cada partida que as duas tivessem que se enfrentar, elas decidissem não jogar e abrir para a outra passar? O quanto o público do tênis perderia? O quanto o esporte seria visto como amador? O quanto de dinheiro e visibilidade seria colocado em cheque?
Ainda abrimos mais margens para debates quando atletas de equipes diferentes fecham uma final. Se estamos falando de profissionalismo, crescimento e boa remuneração para o Jiu-Jitsu casos como esse não podem acontecer em torneios de grande prestígio como Brasileiro e Mundial.
“Ah, mas se a federação pagasse, isso não aconteceria”. É um bom argumento. Porém, no Campeonato Brasileiro de 2021, não tivemos 3 finais faixa preta por conta de fechamento. No Mundial de 2021, não tivemos 1. E ambos pagam.
Acreditamos que os fechamentos continuam ocorrendo por conta de regra e não por ausência de pagamento. Para atrairmos mais público, patrocínio e movimentação de dinheiro para o esporte, aos poucos isso terá que acabar. Cobrar profissionalismo mas romantizar o fechamento vai totalmente contra a profissionalização do esporte.
E aí, qual sua opinião?