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Roney Edler fala sobre evolução do esporte e diz: “Estou aberto para aprender todos os dias”

Responsável pela Sertão BJJ reflete sobre o esporte, fala sobre ser campeão e ter sucesso

Roney
Na metodolodia de ensino de Roney, os alunos aprendem dentro de um cronograma anual, com técnicas que se renovam semanalmente. Foto: Arquivo Pessoal

A sede por conhecimento é o que faz de Roney Edler um professor cada vez melhor. Fundador da Sertão BJJ, com matriz nos Estados Unidos, o faixa-preta nascido no nordeste do Brasil vem desempenhando um importante papel no ensino da Arte Suave na América. Em entrevista ao VF Comunica, Edler deixou claro que valoriza a profissionalização ao ministrar suas aulas de Jiu-Jitsu. Se ele quer oferecer a melhor experiência para os seus alunos, é fundamental que ele também busque por aprendizado, constantemente. Afinal, como ele mesmo diz, “sempre aparecem coisas novas e precisamos buscar conhecimento”.

O professor, que também trabalha em prol da juventude nordestina do Jiu-Jitsu, sem muitos recursos para os custos competitivos, está sempre observando e orientando os atletas sob a bandeira da Sertão aqui no Brasil. Afinal, para estar junto, não precisa necessariamente estar perto.

Leia a entrevista completa abaixo!

VF COMUNICA: Roney, qual é o segredo para ser um bom professor de Jiu-Jitsu?

RONEY EDLER: Estar aberto para aprender todos os dias porque o nosso esporte evolui diariamente. Sempre aparecem coisas novas e então precisamos estar dispostos a aprender e buscar conhecimento, seja qual for a área, para melhorar técnicas, sem olhar para bandeira. Muitos professores às vezes param no tempo porque querem buscar sempre dentro do seu convívio, da sua equipe, e não baixam a guarda para procurar aprender além  de sua bandeira.

VF COMUNICA: Que tipos de investimento você fez para aumentar suas habilidades como profissional do esporte?

RONEY EDLER: Sempre gostei de seminários, pois mesmo olhando de fora, pode ser a mesma técnica, mas sempre terá algo que vai agregar no seu Jiu-Jitsu. Eu sempre saio da minha academia para visitar outras, sempre buscando aprender algo. O meu maior investimento foi e é dedicar meu tempo para melhorar meu Jiu-Jitsu para poder repassar aos meus alunos. Às vezes, fico por horas assistindo lutas e analisando para absorver em benefício do meu Jiu-Jitsu. Quanto à parte de business, eu procurei assistir a cursos voltados para academias de Jiu-Jitsu, como a do Fábio Gurgel. No workshop que fiz com ele, aprendi muito sobre metodologia e como gerenciar uma academia. É sobre isso que sempre falo: sair e procurar ser melhor do que ontem, esse é o maior ponto. Sair e procurar, com a mente aberta para aprender.

VF COMUNICA: Muitos profissionais sempre dizem que ser campeão não define se você vai ser um bom professor ou ter sucesso como academia. O que você pensa sobre isso?

RONEY EDLER: Perfeita colocação, ser campeão não determina exatamente se você será um bom professor, muito menos um grande gerente de academia. Já vi na prática que nem sempre um bom professor foi um grande campeão nos tatames. Nós temos um exemplo que é o Melqui Galvão. Eu mesmo não sei quais são os títulos que ele tem como atleta, mas ele é um professor de mão cheia, formador de campeões dentro e fora dos tatames.

VF COMUNICA: Na sua academia, como funciona sua metodologia de ensino? Você segue um padrão de aulas?

RONEY EDLER: Na minha academia funciona da seguinte maneira: o aluno que nunca treinou ou se já treinou, mas não tem um grau na faixa-branca, ele vai passar pela aula fundamental, onde ensinamos o básico do Jiu-Jitsu, fazendo com que o aluno tenha uma exelente experiência dentro do tatame. Dessa forma, ele se torna mais confiante nos treinos, pois estará em uma classe que todos têm o mesmo nível. O professor, no seu papel, vai ter mais atenção por ter menos alunos, pois cada classe tem um número limitado de praticantes para que todos aproveitem e tenham a mesma atenção do professor que está no comando da aula. Nessa classe de iniciantes, não tem rolas, mas situações para que o aluno entenda o conceito: como se comporta o passador e o guardeiro, por exemplo. Nós temos um cronograma de aulas anuais dividido por semanas, onde cada semana o aluno tem contato com técnicas diferentes. Toda semana o aluno treina as mesmas técnicas, que se revezam dentro do cronograma. Ao chegar em um determinado período, ele pode pegar um grau e assim, nessas aulas, ele aprende a gostar e passa para as aulas avançadas, com treinos de No Gi e mais opções de aulas que também seguem um cronograma anual, mas dividido semanalmente. É a partir daí que o aluno vai rolar com os outros alunos, sempre seguindo o mesmo padrão do cronograma, com execução das mesmas técnicas, mas trocando semanalmente.

VF COMUNICA: Qual seu maior objetivo para esse ano, Roney?

RONEY EDLER: Meu objetivo esse ano é fazer meus alunos no Brasil lutarem o máximo que puderem para conseguirem entrar no ranking. Com isso, eles facilitam a autorização do visto americano e assim posso trazê-los para os Estados Unidos para lutarem os maiores eventos aqui. Essa é uma tarefa difícil, mas não impossível, porque em vez das federações distribuírem por IGUAL as competições no Brasil, eles ficam em uma só região, deixando alguns atletas desfavorecidos por não poderem lutar esses eventos, por não terem dinheiro para viajar ao Centro-Sul do Brasil. A minha missão é fazer com que, aos poucos, eles consigam se deslocar através de investimentos próprios de nossa equipe. Quero fazer com que a nossa juventude do Nordeste ganhe o mundo.

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Escrito por Emmanuela Oliveira

Emmanuela Oliveira é faixa-marrom de Jiu-Jitsu e formada em Comunicação Social. Dentro do tatame, aprendeu que é possível conjugar Jiu-Jitsu, escrita e o gosto pelas artes visuais em um só pacote.

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