Nicolas Renier é uma referência do grappling na Europa e tem um currículo invejável. Aos 37 anos, o faixa-preta de Luta Livre foi campeão de quatro seletivas europeias do ADCC e participou de seis edições do maior evento de grappling do mundo. Além de ser um competidor gabaritado, Nicolas também prosperou como empresário. O francês é dono de três academias de luta em Paris e tem mais de 2500 alunos no total.
Nicolas está no Brasil e vai competir no Brasileiro Sem Kimono, a ser disputado no dia 24 de setembro, no Rio de Janeiro. Ele está inscrito no master 2 peso médio e está em busca de seu primeiro ouro no torneio. Em entrevista ao VF Comunica, o francês analisa o campeonato e acredita que terá um árduo caminho até o título.
“Nunca competi no Brasileiro Sem Kimono, mas sei que é um campeonato duro, de alto nível. Será ótimo para eu entrar em ação nesse torneio porque certamente enfrentarei atletas duros locais e estrangeiros, já que é um evento que atrai lutadores de diversos países. Vai ser uma grande oportunidade para eu me testar”, conta o faixa-preta de Luta Livre.
Nicolas diminuiu a rotina de campeonatos nos últimos anos e focou nos ramos de professor e empreendedor. O craque do grappling considera que o Brasileiro Sem Kimono será um bom palco para ele afiar seu jogo durante o processo de preparação para o Mundial Sem Kimono.
“Nunca deixei de competir, só não estava lutando com frequência. Não estava dando certo e não conseguia bons resultados porque eu não estava treinando como deveria. Agora, já me sinto bem e me obrigo a competir, escolhi essa vida de lutador e devo aceitar isso. Só preciso ter confiança e vontade para lutar bem e tenho trabalhado bem nessas duas áreas. Vou completar 38 anos em breve, meu cérebro e meu corpo não reagem da mesma forma que reagiam quando eu tinha 20 anos. O objetivo é voltar a competir aos poucos e estar bem em dezembro para lutar o Mundial Sem Kimono nos Estados Unidos”, compartilha Nicolas.
Nicolas Renier e Melqui Galvão fecharam uma parceria promissora em 2023. O intuito do intercâmbio dos atletas de Melqui na França é elevar o nível do Jiu-Jitsu com e sem kimono em Paris e proporcionar uma experiência diferenciada aos lutadores da escola Melqui Galvão.
“Minha academia está ótima. Depois de dez anos de treinos, os meninos que eu treino desde que tinham 13 anos estão começando a fazer parte do alto nível na Europa. Esse processo é demorado, faz parte. Neste ano, fiz uma parceria com o Melqui Galvão e dois alunos dele, Alessandro “Cavalo” Botelho e lago Siqueira, que estão na França para um intercâmbio de seis meses. Eles estão ajudando no crescimento da modalidade com e sem kimono na região. Melqui tem uma metodologia de sucesso, lidera uma das melhores equipes do mundo, então vai elevar o nível da minha academia e os alunos vão se destacar ainda mais nas competições locais e por toda a Europa”, afirma Nicolas Renier.
Nicolas é um entusiasta do grappling e tem propriedade como poucos para falar do assunto. Ele ressalta que, mesmo com a ascensão da modalidade, muitas equipes ainda não dão a devida importância e crê que o cenário do próximo ADCC será semelhante à edição anterior.
“Não vejo muita diferença de forma geral, mas percebi que algumas equipes entenderam que ficariam para trás se não pegassem essa onda do grappling. Por outro lado, outras academias ainda não dão tanta importância e acreditam que o grappling não evoluiu. É preciso sempre estudar e se manter atualizado no mundo do grappling. Acho que o panorama do próximo ADCC será parecido com o de 2022. Reparo que o grappling não evoluiu tanto no Brasil nem nos Estados Unidos nem na Europa. O nível vai se estabilizar até a próxima geração chegar, mas tudo pode acontecer. Será mais fácil analisar após a seletiva, o grappling tem crescido bastante nos últimos anos”, aponta o francês.
Um dos destaques do grappling em 2023 atende pelo nome de Nicholas Meregali. O pupilo de John Danaher, com menos de dois anos de experiência na modalidade, finalizou o bicampeão do ADCC há menos de um mês. Nicolas Renier acompanhou os primeiros passos de Meregali no grappling e relembra que o astro já se mostrava diferenciado.
“Uma história curiosa é que eu gravei um instrucional do Meregali e fui um dos primeiros a treinar sem kimono com ele. Mesmo sendo especialista com kimono, ele já era um monstro, mas dava para perceber que ele ainda não estava tão adaptado ao grappling. Hoje ele está em outro nível, acredito que ele vá massacrar todo mundo no ADCC”, crava o francês.