Emmanuela Oliveira 
Referência no ensino de Jiu-Jitsu no Texas, nos Estados Unidos, Piano Malachias adquiriu ao longo dos anos conhecimento suficiente para analisar o Jiu-Jitsu de hoje, um esporte com possibilidades reais de profissionalização. Na ascensão da modalidade, algo que se percebe muito claramente é o leque de chances de visibilidade para os atletas que já passaram pela fase dos adultos. Em entrevista ao VF Comunica diretamente do Texas, Piano reconheceu o apelo que “os caras das antigas” possuem em termos de publicidade e poder de venda de ingressos. Para ele, apesar de existir o interesse unânime pela luta de adultos na escalação dos eventos principais, os masters sempre vão ter o seu lugar, pela história que carregam.
“Eu acredito que isso aconteceu porque o Jiu-Jitsu evoluiu, estão acontecendo vários campeonatos grandes, tipo Who’s Number One, BJJ Stars, aí chamam os caras das antigas porque vende ingresso. As pessoas querem ver os mais antigos lutarem, mas é mais para o show, tipo exibição.”, declarou Ulpiano.
Ainda acerca da evolução do Jiu-Jitsu, as mudanças mais transformadoras puderam ser observadas nos últimos 10 anos, com a abrangência muito mais ampla da modalidade, hoje ensinada em idiomas diversos, em uma escala global. São muito mais atletas bem instruídos tecnicamente e muito mais pessoas interessadas no Jiu-Jitsu como admiradores. Piano Malachias faz uma conexão dessa realidade com a facilitação de acesso a informações do esporte.
“Eu acho que com a expansão da internet, todo mundo tem acessibilidade. É possível hoje acompanhar o Campeonato Europeu, por exemplo, pelo telefone. Empresas como a FloGrappling, entre outras, estão investindo alto e essas companhias estão tendo retorno financeiro com o crescimento do Jiu-Jitsu. Eu acho que esse crescimento dos últimos 10 anos tem relação com essas transmissões. A mídia também teve uma participação muito grande nesses últimos anos, ampliando o acesso de todos ao esporte.”, comentou.
O Pedro Marinho, atleta treinado por Malachias na Gracie Barra, é um case de sucesso criado nesse Jiu-Jitsu moderno. Bem orientado e treinado, atual campeão do WNO e classificado para o evento principal do ADCC da temporada, Pedro é definido pelo professor como alguém mais maduro e ciente do potencial transformador do Jiu-Jitsu.
“O Pedro está ficando mais velho, mais maduro e não está mais naquela loucura. Treina, sabe o que fazer. Ele evoluiu muito como atleta. Como businessman, ele sabe que o Jiu-Jitsu é uma porta aberta para mudança de vida. Já mudou para melhor, financeiramente. Ele conseguiu entender que viver só como atleta é possível. Não vou dizer que é uma vida curta, porque o (Roberto) ‘Cyborg’ está aí provando que pode ter uma vida longa na profissão. Mas a vida de atleta é cheia de altos e baixos. Quando o cara tem uma academia de sucesso, cheia de alunos que confiam no trabalho dele, aí são só pontos positivos.”, avaliou o professor da Gracie Barra.
Piano cita possíveis campeões do absoluto no ADCC, mas reconhece técnica nivelada dos atletas de elite
Citando nomes como Craig Jones, Nicholas Meregali e Kaynan Duarte como apostas quentes para o ouro do absoluto no ADCC, em agosto, Piano também comentou sobre o nível técnico da elite do esporte hoje em dia. De acordo com ele, os cabeças de chave são igualmente técnicos e muito bem treinados. É sempre o detalhe que vai fazer a diferença na definição do campeão.
“Como hoje em dia é fácil ter acesso a tudo, é necessário assistir muitos vídeos, estudar o jogo de cada um. Não é mais como antigamente, que era a raça, ir lá para bater no cara e pronto. Hoje em dia não é mais assim, todos são super atletas, muito bem treinados, o nível é praticamente igual. Não tem atleta muito superior tecnicamente, com exceção do Gordon, todos podem ganhar de todos. Difícil garantir que o Meregali vai ganhar fácil do Kaynan. Que o Kaynan vai ganhar fácil do Victor Hugo, que o Victor vai ganhar fácil do Meregali, entendeu? Todos estão no mesmo nível.”, comentou, em uma avaliação carregada de experiência.
