Filipinho Assis é um talento que surgiu no morro do Cantagalo e está faminto para fazer história no Jiu-Jitsu. Ele foi revelado pelos professores Douglas Rufino e Sandro Vieira no projeto social do Cantagalo e hoje representa a Alliance Rio de Janeiro, sob os comandos do professor Rodrigo Thiago, no Leblon. Aos 22 anos, Filipinho puxa a fila do time de competição da equipe, que passa por uma renovação.
O “Black Cat” é considerado uma das maiores promessas da faixa-marrom e provou o seu valor nos principais campeonatos que disputou. Nesse ano, Filipinho se consagrou campeão europeu e sul-americano e foi campeão dos Opens de Vitória e Londres. No ano passado, ele boletou o ouro no Brasileiro como faixa-roxa e ficou com a prata na edição de 2023.
Começo no Jiu-Jitsu
Filipinho cresceu no Cantagalo ao lado de outros craques, como Jansen e Jonata Comes e Dudu Granzotto. O Jiu-Jitsu faz parte da vida de Filipinho desde a infância, quando começou a treinar por influência dos amigos. Em entrevista ao VF Comunica, Filipinho relembrou como começou sua história no Jiu-Jitsu.
“Então, tive meu primeiro contato com o Jiu-Jitsu aos nove anos de idade. Eu estudava em horário integral e sempre brincava com o Jansen quando chegava da escola. Só que ele e o Jonata começaram a treinar no projeto social do Cantagalo e eu ficava sozinho. Já que não tinha ninguém para brincar comigo, pedi à minha mãe para entrar no Jiu-Jitsu e ela deixou. No começo, era só uma forma de lazer, porque eu queria me divertir com os amigos e fazer uma atividade física. Mas isso mudou. Foi o Jansen quem me inspirou a seguir carreira. Ele disputou o Pan com o Dudu Granzotto há alguns anos e disse como tudo era diferente lá no exterior, foi aí que passei a focar mesmo no esporte”, relatou o faixa-marrom da Alliance.
Jiu-Jitsu finalizador
Nos últimos dias, o “Black Cat” se encontrou com Fernando Tererê numa visita do bicampeão mundial ao Cantagalo. Tererê foi um dos primeiros lutadores oriundos de comunidade a alcançar o topo no Jiu-Jitsu e impactou gerações de competidores. Filipinho considera Tererê uma de suas inspirações e disse como foi rever a lenda.
“Foi irado, além do Tererê ser uma lenda, ele é muito engraçado e não tem como não dar risada com ele, foi um momento bem legal”, disse Filipinho.
Filipinho é um lutador conhecido pela qualidade técnica e pela precisão. Ele tem personalidade tímida, de poucas palavras, mas deposita nos tatames toda sua vontade de vencer. O “Black Cat” tem um estilo frio e cerebral e não costuma perder posições favoráveis. Ele comentou o seu diferencial em relação aos atletas de sua categoria – meio-pesado e disse quem gostaria de enfrentar numa luta casada.
“Eu sou eficiente tanto por cima quanto por baixo. Gosto de colocar na guarda fechada, que é o abre alas (risos). Depois, eu coloco na laçada, De la Riva e solto o jogo conforme o meu oponente luta. Gostaria de enfrentar o Gabriel Camboja, que é um atleta duro. Gosto de assistir as lutas dele porque o Caboja luta para frente. Seria uma guerra bonita de se ver para o público. Nós lutamos com muita vontade e somos finalizadores”, garantiu Filipinho.
Experiência como professor de Jiu-Jitsu
No passado, o Jiu-Jitsu era apenas uma forma de lazer para Filipinho, porém, o desejo de brilhar nos campeonatos e dar uma condição melhor à família falaram mais alto e, hoje em dia, a ambição de Filipinho é se tornar referência no lugar onde veio. Ele contou quando virou a chave e decidiu que o Jiu-Jitsu seria o seu futuro.
“Comecei a treinar bastante a partir da faixa-azul. Desde então, sou muito esforçado, já conquistei diversos títulos, só que antes eu não conseguia ajudar em casa. Hoje, graças a Deus, posso ajudar a minha família e dar uma vida melhor para eles. É irado ver a evolução do Jiu-Jitsu e ver para onde o esporte tem se encaminhado”, declarou o carioca.
Além de ser um atleta de alto rendimento, Filipinho tem se desenvolvido como professor na Alliance. Ele disse como essa nova função tem sido essencial para amadurecer como homem.
“Foi muito importante de forma geral, principalmente porque além de treinar, dou aula aqui. Sou um cara bem tímido, mas agora tenho aprendido a conversar mais e a dialogar com os alunos. Também melhoro a cada dia como professor, que é um ofício completamente diferente de ser atleta. Estou aprendendo a didática do ensino e a me comportar como professor”, compartilhou o faixa-marrom.
Amizade com Cauã Reymond
Filipinho é professor particular de Cauã Reymond e é diretamente responsável pela evolução de Cauã no Jiu-Jitsu, apesar da rotina corrida de gravações da novela das nove “Terra e Paixão”, da TV Globo. Filipinho contou como surgiu a amizade com o astro das telinhas e destacou o nível do faixa-preta.
“Lembro que antes o Cauã só treinava com os selecionados e a gente começou a se aproximar quando eu me tornei campeão brasileiro na faixa-roxa. O Thiago me colocou para treinar com ele e o Cauã gostou do meu Jiu-Jitsu. Ele sempre tirava dúvidas comigo nos treinos, até que ele me convidou para dar aula particular para ele. É uma honra puxar o treino do Cauã, ensinar posição para ele e, o mais especial, ver o quanto ele evoluiu nesse período”, afirmou Black Cat.
Próximos passos
Filipinho está focado nos campeonatos com kimono, mas reforçou que tem planos para migrar para o grappling.
“O grappling está crescendo bastante e eu pretendo competir em breve. No entanto, primeiro, vou me lançar nos Opens para me testar e depois vou competir em eventos de mais expressão. Treino sem kimono com frequência no projeto do Tererê no Cantagalo e aqui na Alliance”, disse Filipinho.
Ele comentou que estará em ação no BJJ Pro, marcado para o dia 28 de outubro, no Rio de Janeiro, e reiterou que pode se atirar na categoria de cima.
“Minha próxima competição será o BJJ Pro. Estou pensando em me aventurar no peso pesado e conquistar o absoluto novamente. No ano passado, perdi na final do peso médio, mas venci o aberto. Vou para a guerra mais uma vez”, concluiu Filipinho.