Jiu-Jitsu é mesmo para todos. Essa máxima se encaixa perfeitamente no caso de João José Bezerra, de 42 anos, sacerdote da igreja católica e faixa-preta de Jiu-Jitsu. Foi-se o tempo que o paralelo entre uma vida totalmente dedicada à religiosidade e a prática de outras atividades era vista com mais estranheza. Contudo, o contemporâneo de Fábio de Melo, com status de celebridade e atividade constante nas redes sociais, e do Padre Marcelo Rossi, que superou uma crise com musculação, José Bezerra afirma que há ainda quem torça o nariz para padres mais “modernos”.
De acordo com o sacerdote, em entrevista ao portal G1, a prática de atividade física sempre foi uma constante na sua vida, desde a fase do mestrado em teologia sacramentária na arquidiocese de Milão, na Itália. Foi em 2016, já no Brasil, que João conheceu o Jiu-Jitsu por meio do professor Will “Trovão”. Da insegurança no início, alimentada por um certo medo de não adaptação, o padre passou por todas as fases de graduação até chegar à faixa-preta. Se engana quem pensa que a prática de Jiu-Jitsu é restrita a treinos diários após a missa. Em novembro desse ano, João Bezerra conquistou o título de vice-campeão mundial da CBJJE (Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo).
Padre aprendeu importantes valores com o Jiu-Jitsu
Treinos de Jiu-Jitsu são fortemente estimulados para manter a mente e o corpo sadios. Segundo o sacerdote, no Jiu-Jitsu ele encontrou, além do upgrade físico, uma poderosa ferramenta capaz de mudar a sua visão de mundo. “Foi Deus quem me mandou praticar Jiu-Jitsu. Aos poucos eu vou entendendo os benefícios do Jiu-Jitsu na minha vida pessoal e na de fé. Sobretudo, no meu modo de ver as pessoas e o mundo. Um dos pilares do Jiu-Jitsu é a evolução conjunta e eu me identifiquei com os valores.”, ressalta.
Adepto da assiduidade nos treinos mesmo com a rotina intensa do clero, José não deixa de treinar, ainda que chegue um pouco atrasado, desculpando-se com o mestre. “Estou sempre com o kimono no carro. Às vezes em viagens, quando tenho algum compromisso, procuro uma academia e vou treinar.”, afirma disciplinado, mostrando que não corre de treinos com desconhecidos.
Saber se defender é um dos diferenciais
A defesa pessoal, base fundamental do Jiu-Jitsu, é um dos aspectos valorizados pelo padre. De acordo com ele, os ensinamentos que recebe são direcionados para esse fim, nunca para a violência. Colocando a paz em primeiro lugar, sempre, ele tem consciência de que a sua faixa-preta lhe forneceu um conhecimento vasto de auto-defesa. “Uma coisa é certa, quem quiser me atacar, vai ter que pensar dez vezes antes, porque senão vai tomar uma ‘lapada’.”, conclui de bom humor.