- Por Emmanuela Oliveira
O francês com espírito de brasileiro, Nicolas Renier, está mais do que pronto para colocar suas habilidades de grappler em prática nos tatames do Mundial No Gi da IBJJF, nesta sexta-feira. Atleta da divisão master 2, peso-médio, tetracampeão de seletivas da ADCC, vai buscar o título em uma chave que vai promover embates entre 26 atletas.
Após passar por tribulações para conseguir viajar para os Estados Unidos, já que o lutador europeu lidou com problemas burocráticos de visto para entrar nos Estados Unidos, Nicolas revela que não teve tempo de analisar a sua divisão.
“Tem dois caras na minha divisão que são bons, o Wim Louis Deputter, um holandês, já lutei com ele há mais de dez anos, já ganhei dele duas vezes. O Piter Frank, um brasileiro que tem vários seguidores, também está. Tem esses dois com um nível muito bom”, comenta Nicolas, antes de completar:
“Eu treinei do jeito que poderia, com crianças, com a estrutura do Rio de Janeiro, com a minha vida de empreendedor. Vou lá dar o meu melhor e acredito que tenho o potencial de me dar bem na divisão Master 2. Mas é luta, já perdi para caras que me achava melhor tecnicamente, mas na estratégia levaram a melhor.”, analisa em conversa com a equipe do VF Comunica.
Nicolas Renier é famoso pela veia empreendedora, proprietário da NR Fight Club, ele diz que encontrou um caminho para continuar administrando ainda que à distância e, nos seus planos, está a abertura de uma nova filial da equipe em Paris.
“Você pode ler 100 livros, mas é somente a prática que vai te ensinar. Eu testei várias coisas que não deram certo, mas eu acredito que agora achei um meio-termo de organização que está funcionando. Pretendo abrir uma academia maior em Paris, mas hoje eu percebi que escolhi a vida de lutador, e tenho que abraçar essa vida que é lutar, treinar, fazer força, competir e continuar aprendendo até meu corpo não conseguir mais.”, afirma o faixa-preta de Luta Livre.
Francês fez intercâmbio com time Melqui Galvão
A escolha pelo estilo de vida de competidor já mostra os seus efeitos. Na tentativa de se profissionalizar e absorver técnicas com a elite do esporte. Nicolas Renier fez um intercâmbio na academia de Melqui Galvão, onde absorveu o melhor da técnica, direto da fonte, com parceiros de treino como Mica Galvão e Diogo “Baby Shark” Reis.
“Com o Diogo, Mica e Melqui eu estou tentando entender mais como as pessoas de hoje estão pensando a luta, como estão treinando, qual é a estratégia de hoje. É muito cedo, tem que trabalhar por meses e anos para ver o resultado na competição. Então, é mais sobre aprender sobre o profissionalismo de hoje.”, afirma o atleta que revelou ao VF Comunica a pretensão de se mudar para São Paulo para continuar sua jornada de conhecimento com a Classe A do grappling.
Meregali, Grappling e UFC: Nicolas faz projeção
Assunto preferido dos fãs da luta agarrada à medida que o dia da luta se aproxima, Nicolas Renier não deixou de dar o seu palpite sobre a luta de Preguiça x Meregali no Fight Pass Invitational 5, no próximo domingo. De acordo com ele, os louros da vitória ficam com Nicholas Meregali.
“Sobre o Meregali e o Preguiça eu acredito que o Meregali vai se sair melhor. Porque ele tem realmente um professor, ele está treinando como se fosse no início, com muita seriedade, muita vontade de se superar. O Preguiça pode mostrar o que quiser nas redes sociais, mas ele está treinando sozinho, sabe? Não tem ninguém. Não sei se tem realmente um professor ali por trás para puxar treino todos os dias, assim como o John Danaher está fazendo com o Meregali.”, constata.
Ainda no âmbito da análise de assuntos fundamentais do esporte, Renier acredita que o UFC não vai investir no grappling por muito tempo. Segundo ele, que também relembrou certo desdém de Dana White pela luta agarrada, a ascensão do No Gi no UFC vai sucumbir por conta da carência de um ídolo.
“Não acredito que o UFC vai seguir com esse investimento. Eles estão precisando de um cara como o Gordon Ryan, e dá para ver que o Gordon já está começando a competir menos. Eu não acho que tenha uma pessoa igual a ele. Tem o Meregali, tem esses caras, mas eles não são o Gordon Ryan. Podem copiar, mas é muito difícil.”, conclui Nicolas.
O professor também apontou que Mica Galvão é o que mais estaria próximo dessa figura de entertainer com potencial para alavancar a audiência e a visibilidade do grappling.