Líder da TMC, equipe de Jiu-Jitsu atualmente em franca expansão, Marcos Cunha só tem motivos para celebrar. Do ensino da Arte Suave em Blumenau, Santa Catarina, passando pela transformação de vidas através do esporte e do impulsionamento de atletas no meio competitivo, tais como Bruno Sena e Duda Tozoni, o faixa-preta vive hoje também com o fôlego de empreendedor. Como o crescimento de uma equipe depende de outros fatores além da capacidade de ensinar, Marcos Cunha muniu a TMC de bons profissionais, sempre acompanhando de dentro desse processo. A mentalidade empreendedora já mostra seus resultados. Em fase de crescimento, a Team Marcos Cunha já conta com filiais no Brasil, Estados Unidos e Canadá.
Em meio aos preparativos para o Pan-Americano da IBJJF, programado para acontecer em março na Flórida, Estados Unidos, Marcos Cunha deu uma breve pausa para conversar com a equipe do VF Comunica. Leia a entrevista na íntegra!
A TMC vem apresentando uma ascensão muito expressiva enquanto equipe de Jiu-Jitsu competitivo. Quais são os planos do time para a temporada de 2024?
No primeiro semestre, queremos ter a maior quantidade de vistos aprovados para que os nossos atletas consigam entrar nos Estados Unidos. Estamos planejando chegar no Mundial com a maior delegação que o TMC já colocou em um grande evento. Com isso, nós podemos brigar pelos melhores resultados e, dessa forma, a gente termina o Mundial entre as cinco melhores equipes. Esse é o nosso plano para 2024. Nós queremos também lutar nos grandes eventos espalhados pelo mundo. Nós abrimos mão do Europeu porque nós temos o foco no Pan-Americano. Vamos entrar fortes também no Brasileiro e queremos levar uma boa delegação para o World Pro, em Abu Dhabi. Nós também vamos expandir para o No Gi, modalidade na qual não tínhamos muita força, não trabalhávamos muito, mas agora estamos fortemente empenhados e iremos competir muito no No Gi durante o ano de 2024. Aqui nos Estados Unidos, estamos fechando algumas lutas casadas para os nossos atletas participarem.
Os âmbitos comercial e de competição são completamente opostos, apesar de estarmos debatendo sobre o mesmo esporte. Como você analisa os dois cenários a partir do crescimento da TMC?
A expansão do nosso time no meio competitivo deve-se muito ao nosso projeto UCLA, criado no Brasil na cidade de Blumenau. É um projeto de alto rendimento, que gera oportunidades para que os atletas possam viver o Jiu-Jitsu em tempo integral. Com essa iniciativa de hoje, no futuro eles vão conseguir viver do Jiu-Jitsu. Muitos atletas estão chegando e eu prefiro trabalhar com aqueles que chegam na faixa-azul, dessa forma eu consigo lapidar do nosso jeito. Digo isso porque eu tenho uma metodologia própria de trabalho de competição. Então, eu prefiro trabalhar com atletas faixa-azul para ir moldando eles, etapa por etapa. Assim, eles ficam lapidados como queremos e agem de acordo com a nossa metodologia para que a gente possa, juntos, ter um bom entendimento nos grandes campeonatos.
A expansão do time no âmbito comercial se deve muito à minha capacidade de identificar minhas forças e fraquezas. Como eu entendi isso? Eu percebi que sou um bom professor, um bom coach, um bom treinador, é isso que eu faço de melhor, essa correlação com as pessoas, mas eu não sou um bom administrador. Aí eu comecei a terceirizar essas áreas nas quais não era bom. Consegui construir uma boa equipe que tem me ajudado bastante. Com isso, foram criados padrões dentro do nosso time, como uniformização, planejamento, plano de aula e credenciamento de time. Nos tornamos mais profissionais. Agora o time vem avançando. Muitas pessoas, baseadas em nossos resultados competitivos e nessa organização que estamos apresentando ao mundo, querem se juntar a nós. Estamos expandindo no Brasil e a minha vinda para os Estados Unidos também foi para trabalhar com essa expansão do time aqui no país. Inclusive, estamos expandindo também no Canadá. Acredito que esse será um ano de gigantesco crescimento para a TMC em todos os sentidos. Eu tenho uma equipe muito boa, trabalhando totalmente em prol disso. Assim eu fico tranquilo para desempenhar o que eu faço de melhor, que é atender os atletas e ministrar as minhas aulas dentro da academia.
A TMC está ganhando força nos Estados Unidos, país onde o Jiu-Jitsu se desenvolve em velocidade expressiva. O Jiu-Jitsu é brasileiro, mas hoje as melhores oportunidades não brotam em solo verde e amarelo. Como os seus atletas do Brasil estão vivendo essa realidade no exterior?
Nós estamos trabalhando muito para que a TMC cresça e avance bastante, não somente nos Estados Unidos, mas pelo mundo. Os atletas estão entendendo isso, estão trabalhando, dando o máximo de si para conquistar os grandes resultados e, com isso, elevar o nome do time. Mas a mudança do Brasil para os Estados Unidos realmente mexeu com eles, mas de forma positiva, porque os Estados Unidos é um país muito diferente do Brasil em termos de estrutura. A gente consegue uma estrutura muito melhor para treinarmos aqui do que no Brasil. Financeiramente falando, os atletas conseguem se manter aqui de forma mais tranquila, mais segura. Com o dinheiro que eles conseguem aqui, eles pagam as inscrições, despesas e ainda compram suplementos. Isso no Brasil é muito difícil, a realidade é totalmente diferente. Então, falando de treinamento, tudo depende do professor que você confia. Porém, em termos de estrutura, os Estados Unidos como país, na minha visão, está muito à frente do Brasil. Isso ajuda bastante na evolução do Jiu-Jitsu dos nossos atletas. A tranquilidade financeira faz com que eles tenham um rendimento melhor durante os treinos.
O que você pensa sobre as diferenças de metodologia para competidores e praticantes, existe mesmo essa diferença no ensino?
Eu penso que a metodologia, de conceitos e mecanismos, ajuda muito mais na evolução tanto do atleta quanto do praticante regular. A metodologia de repetição da posição é muito boa. Contudo, no meu modo de ver, engessa um pouco a evolução dos praticantes. Eu não consigo ver muito essa diferença de metodologias do Brasil e dos Estados Unidos, porque tem professores que trabalham das duas formas, nos dois lugares. Aqui nos Estados Unidos eles gostam mais dos padrões repetitivos, muitas escolas trabalham dessa forma. No entanto, eu percebo que as escolas que obtêm grandes resultados preferem os conceitos e mecanismos, que eu gosto de aplicar. Dessa forma, eu amplio a visão dos meus praticantes e dos meus competidores para que eles possam entender que o Jiu-Jitsu não funciona de forma retilínea, ele é adaptável para diversos métodos. O Jiu-Jitsu é maleável e você pode criar algo caso entenda de conceito e mecanismo, baseando-se naquele norte que eu passo em aula. Aí sim eu consigo ver a evolução. Quando o processo é robótico, de repetição daquilo que eu passei, somente repetição, sem deixar que o atleta possa criar algo, eu não consigo ver esse atleta evoluindo muito ao longo do tempo. Essa é a minha opinião, mas de modo geral para professores de qualquer lugar do mundo e não somente entre as diferenças de metodologia do Brasil e dos Estados Unidos.
Quais são os destaques da TMC e o que você projeta para os seus principais atletas nessa temporada de 2024?
Duda Tozoni, Bruno Sena, Patrick Possamai, Bruno Caglioni, Inoa Barbosa, Gabriel Nascimento, Wilson Barbosa, Lukas Telles, Xande Barbosa, Jonatas Mogli e Carol Fernandes. Como eu já havia dito na primeira pergunta, eu planejo grandes resultados nesse ano de 2024, mas sabendo que é muito difícil, muito difícil. Contudo, é a dificuldade que nos motiva a trabalhar. Se fosse fácil, não teria graça. Então, é superando as dificuldades que nos tornamos grandes. Esse é o nosso lema. Estou acreditando muito nessa temporada de 2024, nos grandes resultados dos nossos atletas para conseguirmos uma projeção muito maior para o TMC.