O retorno triunfante de Kennedy Maciel, o faixa-preta filho de Rubens Cobrinha, se torna ainda mais significativo diante de acontecimentos que testaram, com força máxima, a capacidade de resiliência do atleta. Em entrevista exclusiva ao VF Comunica, o atual campeão europeu peso pena falou sobre os reais motivos que motivaram o seu afastamento dos tatames.
O debate constante sobre a saúde mental entre os atletas do alto rendimento é uma prática que deve sempre ser estimulada com o objetivo de lançar luz sobre essa questão importante, mas muitas vezes deixada de lado. Um faixa-preta, no auge da carreira, precisa conviver com abdicações diárias para render produtividade nas muitas sessões de treinamento. Não é só o corpo que se submete ao estado de esgotamento. Quando o título de campeão chega, fruto de um trabalho de dedicação extrema, surge a pressão por manter a estabilidade e se firmar no topo.
Cuidado com a saúde física fez parte do hiato de Kennedy Maciel
Em 2018, já na faixa-preta, Kennedy Maciel foi campeão mundial sem kimono pela IBJJF, uma campanha que começou bem, reverberando os títulos mundiais que ele obteve nas faixas roxa e marrom, também pela IBJJF, na modalidade de kimono. Em 2019, a segunda colocação no ADCC também o deixou em destaque entre os melhores no maior torneio de grappling do mundo. Foi também no ADCC, em 2022, que o agravamento de uma lesão antiga funcionou como mais uma lição para a reconstrução física e mental de Kennedy Maciel.
“Eu já tinha o meu joelho direito comprometido, mas eu não sabia o que era. Nós atletas não ligamos, tentamos manter com fisioterapia, mas eu continuava sentindo o joelho me sabotando, às vezes pisava em falso. Com isso, veio o ADCC e eu me sentia bem, meu pai também aceitou e falou para fazer um trabalho de fortalecimento da perna. Na luta com o Diego ‘Pato’ o meu joelho já estava ruim, eu só não sabia o quanto. Ele aplicou o Z Lock, deu a torção e consegui sair na primeira vez. Na segunda, quando achei que ia escapar de novo, estourou tudo, eu gritei ali na luta e ele acabou me finalizando. Eu tive que fazer uma cirurgia de reconstrução.”, detalha o faixa-preta.
Fora dos tatames, Kennedy travou batalha mental
Afastado dos tatames pelo período de um ano por conta da cirurgia, Kennedy passou a dar mais atenção a outros aspectos que caminham juntos com o bom desempenho de um campeão. Ao passar por momentos turbulentos e obscuros, entregue a um período de depressão durante o seu hiato, o atleta se mostrou um vencedor fora do ambiente competitivo, investindo aquele gás extra para se reerguer.
“Eu fiquei mal de cabeça, depressivo, eu passei por uma depressão do caramba, fiquei muito mal, mas isso fez com que eu conhecesse quem é o Kennedy de verdade, o que o Kennedy quer para a vida dele. Eu fiz amizade comigo mesmo. Eu cheguei no zero, achei que ia acabar com o Jiu-Jitsu, achei que ia embora, voltar para o Brasil e largar tudo. Foi muito difícil para o meu pai também, uma barra muito pesada. Poucas pessoas sabem o que eu passei.”, compartilha, com vontade de fazer da própria história uma inspiração.
Assista na íntegra a entrevista com Kennedy Maciel no canal VFComunica, no YouTube!