Emmanuela Oliveira 
Atual campeã do Pan, na divisão peso leve entre as atletas da faixa-preta, no adulto, Janaina Lebre foi uma das aquisições recentes da AOJ de Guilherme Mendes. Uma inclusão no time que rendeu benefícios a ambos, no melhor esquema de via de mão dupla. Janaina, com o seu talento, passou a reforçar o time estelar de meninas faixas-pretas da AOJ e a atleta, em uma autoanálise, reconhece que a lapidação conduzida por um dos times mais influentes da atualidade foi determinante para a sua evolução e sucesso.
No Pan-Americano da IBJJF, que aconteceu no final de março, Janaina Lebre fez parte da estratégia dominante da AOJ, por meio das performances femininas, das quatro primeiras categorias na faixa-preta. A equipe dos irmãos Mendes fez medalhistas de ouro do peso galo ao leve, sendo Janaina Lebre responsável por um dos triunfos: campeã entre as leves ao vencer Sabrina Gondim na final.
Em entrevista ao VF Comunica, ainda sob o calor da vitória, Janaina falou sobre diversos assuntos, incluindo a evolução na sua forma de lutar Jiu-Jitsu, passagens marcantes da carreira e desafios do alto rendimento no esporte.
Leia a entrevista completa abaixo!
VF COMUNICA: Janaína, em janeiro você ingressou na AOJ e conquistou o título peso leve no Pan-Americano. Você também vinha de ótimas performances. O que mudou no seu jogo nesse pouco tempo de AOJ, na sua visão?
JANAINA LEBRE: Tenho focado em aprimorar minha técnica e meu condicionamento físico, além de trabalhar aspectos mentais do meu jogo. Estou mais confiante no jogo de passagem, não costumava ficar por cima nas minhas lutas, não me sentia tão confiante, mas na AOJ trabalhamos bastante passagem de guarda e estratégia e isso tem me ajudado a ganhar confiança para passar mais guarda. Meu jogo de passagem era mais um jogo explosivo e de movimentação, agora estou procurando evoluir e passar mais na pressão.
VF COMUNICA: Qual conselho o Guilherme Mendes te deu que fez diferença na sua carreira até agora?
JANAINA LEBRE: O Guilherme sempre nos aconselha a manter a disciplina, a dedicação e a humildade. Sempre está trabalhando nossa cabeça para trabalhar mais que os outros, nos dando feedbacks sobre como estamos indo no treino e o que temos que melhorar. Uma das principais mudanças que senti, de fato, foi no meu jeito de ver as lutas, ele está trabalhando essa parte em mim, em controlar mais minha energia nas lutas e ter mais paciência. Isso com certeza está fazendo muita diferença, ele sempre tem argumentos profundos que ensinam muito.
VF COMUNICA: Como é o ambiente de competição na AOJ? Como você se sente treinando com eles?
JANAINA LEBRE: O ambiente de competição na AOJ é extremamente motivador, estão todos focados em trabalhar duro. É como se eu estivesse na Disney do Jiu-Jitsu (risos), com muitas meninas para treinar, de todos os pesos e todo mundo do mais alto nível. Treinar com eles, certamente, me faz sentir constantemente desafiada e me ajuda a evoluir como atleta.
VF COMUNICA: Na sua visão, como você analisa a sua luta final com Sabrina Gondim na final do peso leve do Pan?
JANAINA LEBRE: Na minha opinião, a luta final com a Sabrina foi intensa e estratégica. Ambas demos o nosso melhor e estou feliz por ter saído vitoriosa, mas reconheço o talento e a habilidade da minha oponente. Foi uma luta bem amarrada e feia aos meus olhos, não é o tipo de luta que gosto de fazer, mas Sabrina estava com uma base sólida e segurando bastante.
VF COMUNICA: Você é campeã do GP peso leve da IBJJF e tem na carreira vitórias expressivas sobre grandes nomes do Jiu-Jitsu feminino. De todas as suas lutas, existe uma que marcou mais?
JANAINA LEBRE: Das minhas lutas, uma que me marcou bastante foi contra a Luiza Monteiro no Primeiro GP. Quando ganhei dela naquele ano, eu já tinha perdido para ela três vezes e estava querendo muito ganhar. Desde a faixa-branca acompanho o trabalho da Luiza e já era fã. Então, ganhar de alguém que admiro foi algo que me marcou e fez eu perceber que estava no caminho certo.
VF COMUNICA: Hoje o Jiu-Jitsu profissional está em evolução, abrindo muitas portas para superlutas. Você tem vontade de enfrentar alguma menina em especial?
JANAINA LEBRE: Com certeza, tenho vontade de lutar contra outras grandes atletas do Jiu-Jitsu feminino. Estou sempre em busca de desafios e de enfrentar as melhores para continuar evoluindo, uma das meninas que eu adoraria lutar seria a Júlia Alves. Eu acredito que seria uma luta top, porque Júlia luta pra frente e eu também, certamente seria um show de Jiu-Jitsu.
VF COMUNICA: Como começou a sua trajetória no Jiu-Jitsu? Fale um pouco do início de tudo e como decidiu se tornar uma atleta de alto rendimento.
JANAINA LEBRE: Minha trajetória no Jiu-Jitsu começou quando eu tinha 17 anos no projeto social HC, em 2014, influenciada pela minha amiga Evelyn, que também praticava na época. Ela me convidou para fazer uma aula experimental. Desde então, me apaixonei pelo esporte e decidi me dedicar integralmente a ele. Aos poucos, fui me destacando nas competições e percebendo que poderia me tornar uma atleta de alto rendimento. O apoio da minha família e a minha paixão pelo Jiu-Jitsu foram essenciais para essa decisão. Foram quatro anos de Jiu-Jitsu no Brasil até que resolvi me mudar para os Estados Unidos, em 2018, para conseguir ganhar dinheiro com Jiu-Jitsu e lutar nos maiores eventos. Ao chegar nos Estados Unidos, tive todo suporte do Regis Lebre, que hoje é meu marido e coach. Devo tudo a ele, o que sei hoje e o que sou.
VF COMUNICA: Como foi seu início como atleta nos Estados Unidos?
JANAINA LEBRE: Quando cheguei aqui, tive altos e baixos que quase me fizeram desistir de continuar competindo. Eu ainda lido muito com esses sentimentos e ele (Regis) tem sido a pessoa que me mantém firme na trajetória, que não é fácil. Muitas pessoas só enxergam a vitória, mas nos bastidores, só nós, os atletas, sabemos o que passamos pra chegar ali. São milhares de situações que enfrentamos todos os dias: dúvida, medo e inseguranças. Por isso, é tão importante ter bons coaches, como o Regis e o Guilherme Mendes. Eles fazem um trabalho mental que não deixa a gente desistir e isso nos motiva a continuar.
