Todo atleta de Jiu-Jitsu que tem como meta o bom desempenho em competições já se deparou com pelo menos uma das interrogações que cercam a metodologia de treinamento. Em entrevista ao VF Comunica, Itallo Vilardo, preparador físico de atletas de luta da elite, atuantes em organizações como UFC e IBJJF, falou sobre uma mentalidade muito presente e difundida culturalmente dentro das academias. O que vale mais? Qualidade ou quantidade? Até em uma análise mais rasa, a resposta parece óbvia. No entanto, ainda é comum que se confunda quantidade com qualidade.
Para quem vive de kimono, saindo exausto de uma variedade de treinos diários sem periodicidade, mesclando sparring e preparação física. A máxima “treino duro, luta fácil” é uma expressão corriqueira, mas distante de ser completamente efetiva. Para exemplificar a diferença entre quantidade e qualidade, Itallo Vilardo citou Marcus Buchecha, faixa-preta da Checkmat, múltiplas vezes campeão peso e absoluto pela IBJJF na faixa-preta.
“Treino duro, luta dura. Treino certo, luta fácil. A gente confunde muito qualidade com quantidade. Vou te dar um exemplo, a gente pega um dos maiores de todos os tempos, o Buchecha. Eu tenho certeza que se um faixa-azul que quer ser campeão mundial treinar todos os dias com o Buchecha, por dez minutos, só isso, ele vai evoluir muito mais do que se treinar quatro horas e meia com faixas-brancas e azuis de nível baixo. Então, a gente troca quantidade pela qualidade. É claro que a gente precisa da quantidade, mas depois a gente tem que qualificar e não quantificar.”, explicou Itallo.
Nesse raciocínio, que abrange mitos do treinamento de Jiu-Jitsu para competidores, Leandro Lo é outra figura de interesse. Com status de lenda, Leandro Lo, que enfileirou medalhas de ouro em Mundiais da IBJJF por anos seguidos, sempre foi conhecido por apresentar resultados excepcionais, ainda que seus métodos de treino e descanso não envolvessem uma disciplina mais profissional. De acordo com Itallo, Leandro foi uma exceção que não altera o padrão.
“Tem muita coisa que só vai dar certo com aquele cara. A gente pega um cara que foi grandioso demais, chegou até a conversar comigo algumas vezes e falou assim: ‘cara, acho que não vou conseguir fazer’, foi o Leandro Lo. Se fizer o que o Leandro Lo fazia, se a maioria dos atletas fizer o que ele fazia, vai dar errado. O cara é um ponto fora da curva máximo, em todos os aspectos. É inegável a qualidade dele, é inegável tudo que ele conquistou assim. Todo mundo bate palmas para ele, mas só dá certo para ele.”, observou Itallo Vilardo.
