Acompanhar a temporada em busca de atletas em destaque na faixa-marrom é o mesmo que descobrir talentos atuantes em um futuro muito próximo, na faixa-preta. Uma dessas descobertas é Henrique Camargo. Representante da Gracie Barra e pupilo de Ulpiano Malachias, o atleta percorreu um caminho dourado em 2023: campeão do Pan-Americano, double gold no Houston Open, vice-campeão do Mundial, todos da IBJJF e No Gi, e medalhista de trials do ADCC.
Diante dos bons resultados, na retrospectiva do ano, Henrique diz que 2023 foi o ano do ganho de experiência. Nas trials do ADCC, foi capaz de se habituar às regras do torneio e nos outros eventos, quando o ouro não era uma realidade, o aprendizado sempre teve o seu valor. “Tenho 10 meses de faixa marrom, terminei o ano como número 1 da IBJJF no peso leve e 4º no overall, estou em um momento muito bom e venho lutando contra faixas-pretas nos ADCC Opens, o que me dá muita experiência e confiança para o próximo level”, analisa, sugerindo uma participação marcante no ADCC no ano que vem.
Brasileiro, Henrique Camargo vive hoje no Texas
O brasileiro, agora vivendo no Texas, nos Estados Unidos, falou um pouco sobre a mudança de ares e o processo de adaptação ao novo país. A família e a comida brasileira são os campeões no ranking da saudade. Determinado, Henrique disse ao VF Comunica que só volta depois de ter alcançado todos os seus objetivos.
“O processo de adaptação não foi tão difícil, pois eu tive meu amigo Bruno Matias comigo no começo, o tempo inteiro, como um irmão mais velho. Ele fez com que eu me sentisse em casa e me ajudou bastante nessa transição. O meu professor Ulpiano me acolheu desde o primeiro dia e, a partir desse momento, é um grande mestre para mim, não apenas um dono de academia, mas um cara que cuida de seus alunos, se importa com eles e os ajuda a alcançarem maiores voos. Ulpiano é com certeza meu maior incentivador e mentor no Jiu-Jitsu.”, explica, ressaltando as qualidades de Ulpiano Malachias, professor da Gracie Barra que vem desenvolvendo um trabalho dominante nos Estados Unidos.
Ao compartilhar mais detalhes da rotina de treinos, o faixa-marrom salientou que o diferencial é a diversidade técnica. Treino sem pano todo dia de manhã, drill na parte da tarde e, no período noturno, a proposta é intercalar Jiu-Jitsu de kimono e Wrestling.
“É um ponto forte da nossa equipe, temos ótimos professores de Wrestling, medalhistas olímpicos e professores experientes que têm feito nossa parte em pé ser um diferencial.”, afirma.
Jiu-Jitsu tem um lugar especial no coração, mas melhores oportunidades estão no grappling
Henrique Camargo é o tipo de lutador que tem aquele carinho especial pelo Jiu-Jitsu. Contudo, em meio à guerra pela sobrevivência como atleta, inclinar-se ao grappling foi uma necessidade. “O grappling tem cada vez mais chamado a atenção do público por proporcionar lutas mais movimentadas e pelo fato dos americanos investirem pesado nesse mercado. Eu sou um cara do Jiu-Jitsu então eu sempre gosto de lutar de kimono, mas ultimamente tenho lutado apenas No Gi, pois as oportunidades de lutas casadas e campeonatos são muito melhores.”, afirma.
Ao conversar sobre inspirações, Henrique Camargo fez uma análise sobre o game de Victor Hugo, o tri-campeão mundial sem pano pela IBJJF que agora promete se agigantar no grappling. De acordo com o atleta da Gracie Barra, Victor é aquele tipo humilde que entrega espetáculos.
“Sou fã dele desde a faixa-marrom, quando ele dava vários triângulos voadores mesmo sendo pesadíssimo. Ele é um cara completo de kimono, faz guarda e passa muito bem, tem um bom posicionamento em pé. No sem kimono, tive a oportunidade de ver a última luta dele de perto contra o “Big Dan”. Senti falta de um Wrestling mais afiado, ele acabou sendo derrubado, mas quando chegou no chão mostrou porque é várias vezes campeão mundial, mostrou uma guarda muito técnica contra um adversário muito mais pesado, raspou e finalizou. Acredito que, se ele melhorar o Wrestling, será o próximo para bater de frente com o Gordon Ryan.”, projeta.