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Guybson Sá relembra momentos marcantes de uma vida dedicada ao Jiu-Jitsu

Faixa-preta cearense, hoje bem estabelecido nos Estados Unidos, comemora crescimento da Spartan Academy

Guybson Sá é hoje um professor de Jiu-Jitsu com boa reputação nos Estados Unidos.
Guybson Sá é hoje um professor de Jiu-Jitsu com boa reputação nos Estados Unidos. Foto: @guybson_sa

Com anos de vida dedicados com afinco ao Jiu-Jitsu, Guybson Sá tem hoje uma carreira que, se colocada em retrospecto, irá revelar momentos marcantes. Nascido em Fortaleza, o filho de Francisco Sá, referência e um dos pioneiros do Jiu-Jitsu no nordeste do país, contou em entrevista ao VF Comunica que o Jiu-Jitsu, além de lhe dar disciplina, se mostrou como uma paixão que ele iria carregar para o resto da vida. Por meio do esporte, Guybson se destacou, primeiramente como competidor, obtendo títulos expressivos em competições como o ADCC, para depois se estabelecer como professor nos Estados Unidos, na Carolina do Sul.

Hoje, Guybson Sá é um propagador versátil da Arte Suave. É professor responsável pela Spartan Academy, cada vez mais bem posicionada na América, e atleta dono de um coração de competidor que sempre bate em ritmo acelerado. “Sonho com o momento de ganhar uma medalha de ouro em um torneio importante, lutando com a faixa-coral.”, disse Guybson, vivendo mais uma boa fase na carreira – ele acabou de inaugurar um novo espaço dedicado à matriz da Spartan, mais moderno e com mais oferta de programa de aulas. A meta é não parar de crescer.

Leia a entrevista completa abaixo!

VF COMUNICA: Guybson, conta mais sobre a inauguração da nova academia, em qual parte dos Estados Unidos ela está localizada e o que isso significa na expansão da Spartan.

GUYBSON SÁ: Nós nos mudamos para um lugar maior aqui na Carolina do Sul, mais movimentado, cum um estacionamento mais amplo, que vai trazer uma visibilidade maior para a nossa academia. Na verdade, é no mesmo local onde a academia começou, há 11 anos, no mesmo shopping. Então, estamos felizes pois vamos poder oferecer melhores programas de aula, como o after school, que teremos transporte entre as escolas e a academia para a prática de artes marciais. As crianças vão poder se alimentar e fazer as tarefas escolares na academia também. Nosso foco também será nos camps para competidores. Já fizemos campeões mundiais, do Pan, de torneios nacionais também. Agora, podemos focar mais nessa parte.

VF COMUNICA: Hoje você é uma pessoa bem sucedida no esporte, com raízes sólidas no passado. Gostaria que você falasse mais sobre como tudo começou com o pioneirismo do seu pai, Francisco Sá, e como você começou a se destacar no esporte.

GUYBSON SÁ: Meu pai foi o maior propagador do Jiu-Jitsu no nordeste e no Ceará, principalmente no Ceará. Ele foi o pioneiro. Por muito tempo foi professor das forças armadas, da polícia federal, polícia rodoviária federal. Então, ele tinha muitos contatos, era uma pessoa bem conhecida. Era chefe de segurança também de vários clubes, atuando em eventos importantes. A maioria das pessoas que fizeram ou fazem Jiu-Jitsu no Ceará, faixas-pretas, vieram do meu pai ou passaram por ele, possuem algum traço dele ou do meu irmão na linhagem. A indisciplina era um problema para mim na juventude. Eu gostava de brigar e não tirava notas boas. Eu comecei a treinar Jiu-Jitsu com seriedade de 13 para 14 anos, quando fui morar com o meu irmão. Desde então, eu não parei. Continuo treinando, competindo, dando aulas. Com 16 anos, na faixa-azul, ganhei campeonatos no norte e nordeste. Fiquei mais de dois anos invicto, fui para São Paulo, Rio de Janeiro. Peguei minha faixa-preta depois de vencer 15 lutas, entre São Paulo e Rio, a maioria por finalização e me mudei para os Estados Unidos, fazendo do Jiu-Jitsu a minha vida há quase 15 anos.

VF COMUNICA: Você colecionou medalhas ao longo da carreira, lutando com e sem kimono, com títulos mundiais na prateleira. Dessa época áurea de competição, qual é a primeira lembrança que vem na memória?

GUYBSON SÁ: Eu acho que tive momentos muito importantes na minha vida. Cada época, cada faixa, cada competição, tiveram aqueles momentos que você olha para trás e se emociona muito. Muitas pessoas relembram de quando ganhei do Rodolfo Vieira, do Marcus ‘Buchecha’, vários caras bons que já finalizei, já ganhei de grandes atletas. São essas épocas, que você relembra a fase competitiva, não de um campeonato ou outro. Teve um ano que ganhei o Pan-Americano, o Nacional, ganhei o ADCC. Ganhei super lutas também entre 2014 e 2015, finalizando todo mundo. No ADCC, foram oito finalizações em oito lutas. Fiz superluta também com o Hector Lombard, que até então nunca tinha sido finalizado no Jiu-Jitsu, no MMA ou em qualquer evento de grappling. Muita gente do Jiu-Jitsu não queria lutar com ele porque ele já tinha machucado muitos adversários, muito duro. Eu acho que essa luta calou a boca de muita gente, porque eu era a ‘zebra’. Acho que esse foi um dos momento mais legais da minha carreira. Mas eu ainda tenho muitos sonhos, acho que tem muita coisa para acontecer. Na verdade, sonho com o momento de ganhar uma medalha de ouro em um torneio importante, lutando com a faixa-coral. 

Guybson Sá finalizou Hector Lombard por estrangulamento em uma competição de Jiu-Jitsu sem kimono em Atlanta, em 2015.
Guybson Sá finalizou Hector Lombard por estrangulamento em uma competição de Jiu-Jitsu sem kimono em Atlanta, em 2015. Foto: Reprodução / YouTube

VF COMUNICA: Qual é o papel do Jiu-Jitsu na vida de Guybson Sá hoje? Ainda bate forte o coração de competidor ou o ensino da arte é atualmente uma prática de maior satisfação?

GUYBSON SÁ: Eu respiro Jiu-Jitsu, eu vivo o Jiu-Jitsu, faz parte da minha vida, da vida da minha família. É a única profissão que me empenhei, eu sei fazer muitas coisas, mas o Jiu-Jitsu é uma coisa que eu amo, sinto orgulho em representar o nome Sá, de representar a nossa história. Ultimamente, eu não tenho tido bons resultados nas competições porque estive muito envolvido com a parte interna da academia. Mas eu tenho esse sonho da competição ao mesmo tempo que percebo a necessidade de saber administrar, são mais de 300 alunos que dependem do nosso trabalho, do nosso foco, da nossa atenção. Eu não posso ignorar isso. Eu tenho muitos alunos que competem, que gostam de competir, que também me motivam. Eu fico sempre naquele dilema, de quando eu vou parar. Mas acho que isso nunca vai acontecer. Tem o Mundial, o Pan, com os caras lutando com 70, 80 anos. Enquanto eu puder, vou continuar competindo. É uma alegria poder fazer parte de todas as partes do Jiu-Jitsu, professor, treinador e competidor.

VF COMUNICA: São bons tempos para a Spartan, com centenas de alunos e um novo espaço recém-inaugurado, quais são os próximos passos do time?

GUYBSON SÁ: Graças a Deus, nós alcançamos um patamar que nos deu uma reputação muito boa no estado, na cidade e no país. Todas as pessoas que viajam para Columbia, que se mudam para Columbia, têm a nossa academia como referência. O objetivo é sempre esse, manter o nível elevado, manter a nossa reputação, com o nível alto. Nossa família é assim no Ceará, qualquer pessoa que vai para Fortaleza tem a nossa academia como indicação.

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Escrito por Emmanuela Oliveira

Emmanuela Oliveira é faixa-marrom de Jiu-Jitsu e formada em Comunicação Social. Dentro do tatame, aprendeu que é possível conjugar Jiu-Jitsu, escrita e o gosto pelas artes visuais em um só pacote.

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