Emmanuela Oliveira 
O Europeu Kids, da IBJJF, tem um lugar especial na jornada de Gabriel Silva, atleta faixa-laranja, aluno e filho de Vicente Júnior. Natural dos Estados Unidos, foi no Europeu do ano passado que Gabriel lutou pela primeira vez em um torneio internacional, em Dublin, na Irlanda. Agora, em 2023, o atleta voltou ao país para defender o seu título. O resultado não surpreendeu ninguém: bicampeão europeu após duas lutas com duas finalizações.
Entrevistado pela equipe do VF Comunica, Gabriel compartilhou sua opinião sobre questões que sucedem a conquista de um título tão marcante. Depois que se ganha uma posição de prestígio, é preciso continuar o trabalho para mantê-la, como bem reconhece o jovem.
“Para ser honesto, eu acho que manter um título é mais difícil que ganhá-lo. Eu li uma vez em um livro do Tim Grover algo sobre confiança e o fato de ganhar. Quanto mais você ganha, mais confiança você adquire. No entanto, à medida que você ganha, ainda mais confiança será uma necessidade, porque o preço a se pagar é mais alto.”, afirma com maturidade.
Autoconfiança excessiva pode prejudicar subida ao topo
Ainda sobre o mesmo tema, Gabriel admitiu que o excesso de confiança, sensação que pode ser comum entre atletas dominantes, pode colocar tudo a perder. “Aconteceu comigo. Eu passei invicto por todas as competições do último ano, mas em um campeonato local em fevereiro eu acabei perdendo o rumo. Você só precisa treinar mais duro porque os seus adversários vão saber com quem eles vão lutar e estarão prontos.”, analisa.
Demonstrando um Jiu-Jitsu em estado de evolução, cada vez mais afiado, Gabriel Silva contou mais sobre a lapidação do seu jogo, um estilo versátil. Em seus treinos comandados pelo mestre Vicente, era nítida a preferência de Gabriel pela guarda. Porém, a zona de conforto não é lugar de campeões. “Eu comecei (a passar guarda) quando a maioria dos meus colegas de treino perceberam o nível da minha guarda. Então, para me complicar e fazer com que eu rolasse melhor, eles começaram a puxar para a guarda primeiro. Foi assim que eu aprendi mais sobre passagem de guarda. Eu sabia o básico mas precisava ser mais avançado, rigoroso, executar sem preguiça. Desde então, eu venho me saindo muito bem fazendo guarda ou passando.”, revela.
Gabriel Silva concilia estudos e treino com maturidade
A rotina de treinos com os estudos é exaustiva, mas nada que impeça Gabriel de continuar na luta. Ele assume a dificuldade de assumir as duas responsabilidades, mas afirma conseguir conciliar o tempo fora dos treinos, tarde da noite ou pela manhã, bem cedo, para fazer os deveres de casa. “É difícil, mas sei que preciso fazer isso. É isso que me motiva.”, conclui.
Quanto ao grappling, Gabriel não tem em mente nada concreto, mas não descarta a possibilidade de competir na modalidade no futuro. No momento, o foco maior está direcionado para os torneios de kimono, com o objetivo de replicar em 2024 a mesma campanha vitoriosa deste ano.
