A primeira experiência de Gabriel Silva no grappling, faixa-laranja multicampeão de kimono, providenciou ao atleta a real sensação de sair da zona de conforto. No entanto, a condução dessa estreia pelo atleta, com mente habituada às pressões competitivas, foi a melhor possível. Um adepto da luta de kimono que nunca escondeu a sua preferência, Gabriel Silva foi recompensado com uma grata descoberta ao participar do Open do ADCC, evento promovido em Atlantic City no dia 10 de fevereiro: sua habilidade não se restringe ao Jiu-Jitsu de kimono e há um espaço para o grappling em seu jogo.
“Esse foi o meu primeiro torneio de No Gi e surpreendentemente senti que lutei tão bem quanto costumo fazer no kimono. Fui capaz de me movimentar da mesma forma, trabalhar em posições similares e aplicar as mesmas técnicas que uso normalmente. O único problema para mim foi a questão das pegadas, é nisso que preciso trabalhar mais. O principal é me acostumar com essas novas pegadas. Fora isso, eu acho que a minha performance foi ótima e tive uma boa experiência no tatame.”, afirma.
Gabriel Silva se mostrou um lutador versátil no grappling
Em entrevista ao VF Comunica, com a memória ainda fresca de imagens das suas lutas, foram 4 combates até a terceira colocação no pódio, Gabriel disse que a maior diferença de jogo ficou por conta de ter passado mais tempo por cima, deixando as táticas da guarda em segundo plano. Já habituado a uma metodologia que o faz explorar cada parte do estilo de luta, nos treinos de kimono, Gabriel sentiu que no grappling a versatilidade é uma necessidade ainda mais importante.
“Eu acho que a maior diferença na minha performance foi passar menos tempo por baixo. Meu jogo de guarda é o mais evidente no kimono, meu jogo por baixo. Lembrando das minhas lutas, a maioria do tempo foi passado por cima ou em pé. Isso não me travou nem um pouco porque eu sou muito bom passando a guarda, trabalhando no 100kg e todo esse tipo de estratégia de quem está por cima. Na minha última luta, eu também dominei as costas algumas vezes, o que é muito incomum para mim. Eu digo que a maior diferença foi não fazer meu jogo preferido.”, analisa o passo a passo da sua atuação no ADCC.
Outro aspecto inédito na experiência no ADCC diz respeito ao contato com atletas formados no wrestling. Segundo Gabriel Silva, a atenção às regras, para benefício próprio durante a luta, é um recurso inteligente e muito bem adotado pelos wrestlers.
“Eles apenas jogam de acordo com as regras. Se eles estão ganhando e falta pouco tempo no cronômetro, eles dão uma segurada. Eu já fiz isso antes, estava na frente do placar com menos de um minuto de luta, eu só travei um pouco para não perder pontos e assim vencer. É inteligente fazer isso com pouco tempo restante de luta e da forma correta. Se você literalmente amarrar, vai ser punido, mas se você se movimentar um pouco, tecnicamente não está amarrando. Isso é algo que você precisa recorrer quando precisa.”, comenta, fazendo um paralelo com a sua experiência de kimono.
De acordo com Gabriel, cuidado dos árbitros foi diferencial
Quanto à organização do ADCC, Gabriel destaca o cuidado da arbitragem com os atletas jovens. De acordo com o que presenciou no evento, ele afirma ter admirado a forma como a segurança dos atletas é vista como uma prioridade, com intervenção diante de uma posição perigosa ou finalização mais justa, que poderia resultar em uma lesão. O foco de Gabriel continua nos principais torneios de kimono e o desejo de lutar grappling novamente não vai entrar em conflito com a preparação na academia.
“Meu foco maior continua no kimono e em todos os grandes campeonatos que eu possa ganhar. Mas agora, somado a isso, quero ganhar um torneio de grappling esse ano após essa derrota em Atlantic City. Provavelmente será outro ADCC Open se eles voltarem para essa região, mas até lá meus planos para o Jiu-Jitsu de kimono continuam os mesmos. Eu vou voltar ao grappling esse ano, fiquem ligados.”, revela, ampliando seu campo de atuação em busca de mais conquistas.