Escola com tradição de mais de duas décadas no cenário competitivo do Jiu-Jitsu, a Almeida JJ tem a sua bandeira representada por diversos lutadores de renome mundial. Mirando o primeiro grande campeonato do calendário da IBJJF, o Europeu, Caio Almeida, um dos fundadores da Almeida JJ, está com participação garantida no torneio.
Com mente dividida em termos de igualdade entre as funções de atleta e competidor, o faixa-preta de 37 anos – quase 38 completos -, está com disposição para elevar ainda mais o nome da sua equipe entre os melhores times de Jiu-Jitsu neste ano de 2024. Sob a orientação dos líderes da Almeida JJ, Caio e os irmãos Gustavo e Diogo, uma excelente safra de faixas-coloridas demonstra potencial de crescimento entre os destaques do esporte. Com relação às referências, podemos citar o exemplo de Maria Luiza Nunes, com faixa-preta conquistada no ano passado, aos 20 anos de idade, e estreia confirmada no torneio da IBJJF em Paris.
Bia Basílio é outro nome que dispensa apresentações. Bicampeã Mundial e múltiplas vezes Campeã Brasileira, ambos da IBJJF, a atleta, que também ostenta um título no ADCC, promete voltar com vontade de deixar sua marca no grappling em 2024. Em conversa produtiva com o VF Comunica, Caio Almeida deu detalhes sobre os planos que os movem como professor e atleta. Confira a entrevista abaixo!
Caio, você já começa a temporada com participação carimbada no Europeu, o primeiro grande torneio da IBJJF. Como estão sendo os treinos em casa, em São Paulo?
Os treinos em casa são totalmente exigentes. Aquela cobrança de estar lutando e competir ao lado dos alunos, ao lado dos atletas e puxando o ritmo da galera, eu gosto dessa liderança, por exemplo. De dar o exemplo. Então, estou treinando com eles, saindo na mão, mas é tudo garotada. Então, o treino em casa está me tirando muito da zona de conforto, o dia inteiro. Fazendo escolinha de drill todos os dias, treino de competição diariamente também além do treino físico, de domingo a sexta. A gente só tira o sábado para descansar um pouco.
Como você define a categoria na qual está incluso: a divisão leve, master 2. São 29 competidores na chave no total. Como você analisa as possibilidades dessa categoria?
Eu vou de leve, perdi um pouco de peso nas férias. Eu estava ajudando os meus alunos, treinando, mas não estava dando tanta atenção para mim. Por isso acabei perdendo um pouco de peso. Estou mais perto do leve do que do médio. Então, eu vou lutar no leve no Europeu e depois eu volto para o médio, logo em seguida. O fato é que eu me vejo bem nessa categoria, sou muito técnico. Então, com os atletas mais leves, automaticamente mais técnicos, eu consigo me dar bem. É uma categoria na qual normalmente me sobressaio, mas é o Europeu, não dá para garantir nada. Eu estou com um bom presságio, acho que dá para ganhar sim. Até a minha altura é boa para essa divisão. Agora é só a guerra de bater o peso e ir para cima.
Caio, o seu time de coloridas vem demonstrando uma evolução notória. Como você tem feito o trabalho de base na Almeida?
Nosso time de coloridas tem crescido muito. Nós temos o nosso projeto de base, nosso projeto social que já tem mais de 15 anos, atuando em igrejas, na casa dos alunos e na nossa academia também. Quanto aos alunos, nós vamos trabalhando na formação deles desde o início. Está saindo uma boa safra de coloridas agora, bons atletas, sempre com a visão de dar oportunidades para que eles possam viver do esporte, trabalhar com o Jiu-Jitsu, sustentar as suas famílias através do Jiu-Jitsu. Mas, ao mesmo tempo, estamos apresentando um trabalho de alto rendimento para eles. Nós temos o projeto e assim que o aluno resolve virar um atleta, resolve ir para o alto rendimento, nós apresentamos isso para ele. Essa dedicação, essa disciplina, esse trabalho duro diário.
O trabalho social da Almeida como projeto é bastante proeminente. Você pode dar mais detalhes a respeito dos métodos adotados na formação desses atletas?
Dentro desse trabalho de base, é muito treino, eles treinam o dia inteiro. Então, eu tenho a garotada aqui, eu tenho a casa do meu projeto social, mantida por patrocínio para os atletas. Isso tem sido uma bênção, eu tenho transformado muitas vidas. Os alunos treinam o dia inteiro aqui. Nós temos que ensinar tudo. Tem aluno que chega aqui de faixa-azul que precisa voltar para as aulas de faixa-branca, nós damos a aula com todo o carinho e não nos desfazemos de ninguém. Não é campeão, mas se trabalhar um dia vai ser. Nós trabalhamos muito nessa confiança com os alunos, a gente confia que o processo vai dar certo, confiamos nos atletas e não ficamos na dependência de serem campeões ou não, nós formamos os campeões. Nós só exigimos comprometimento, treinar literalmente o dia inteiro. Dentro do trabalho dos faixas coloridas, eu estou com um time feminino muito bom também, com muitas meninas novas treinando. Eu acredito que esse ano as meninas aqui de Itaquera (região da Zona Leste de São Paulo) vão brilhar de uma forma sensacional.
A Bia Basílio, hoje mais focada nos treinos de MMA, também vai voltar para a competição de Jiu-Jitsu em 2024. Ela vem de uma lesão na mão durante um treino de sparring e esse é um tipo de acontecimento que exige uma atenção diferenciada quanto ao retorno. Como você avalia essa volta da Bia ao cenário?
A Bia Basílio vai voltar aos treinos para as competições. A Bia é fora de série, com a mão enfaixada estava dando o jeito dela de treinar. É algo que eu falo muito, eles precisam dar o melhor nas condições que têm, não deixar nada para depois. Quanto mais eles treinam, melhor eles são. Não tem conversa, tem que trabalhar. A Bia está voltando com tudo. Agora ela vai voltar no Mundial da CBJJE, no final de janeiro, para a competição sem kimono. Estou ajustando as posições dela diariamente. Ela está mantendo também o treino de MMA, o maior foco dela agora. Mas ela está todo dia aqui na academia treinando conosco. Então, eu acredito que ela vai fazer um bom retorno, mesmo após a lesão. Acredito que ela tem tudo para fazer um bom retorno e chegar bem nas competições No Gi.
A Maria Luiza Nunes também vai lutar o Europeu. Estreia dela na faixa-preta após sagrar-se campeã mundial da IBJJF na marrom. Como ela tem se desenvolvido na faixa-preta?
A Maria vai lutar o primeiro Europeu dela de faixa-preta. Na verdade, eu tinha tirado ela do Europeu esse ano porque eu queria proteger a Maria. De verdade, eu não quero queimar figurinha com ela, sabe? Eu quero colocá-la nos campeonatos para se dar bem. Porém, nós estávamos aqui ajudando a nossa atleta, a Natália Zumba, que vai lutar no peso médio. Nós estávamos trabalhando, treinando com os faixas coloridas também, passamos o final do ano treinando todos os dias. Aí eu recebi a passagem aérea de um patrocinador, fui abençoado com uma passagem. Foi aí que decidi ir, porque estava treinando. A Maria se animou com isso, estava treinando todo dia aqui. O fato dela ir para o Europeu foi resolvido um pouco em cima da hora, mas ela já estava treinando para o Pan-Americano. Eu acredito que a Maria tem tudo para chegar forte nessas competições. É o primeiro dela, é a menos experiente, é a mais nova. Eu pretendo usar isso ao nosso favor, sem obrigação, sem dever, para ir de uma forma leve. É difícil colocar isso na cabeça do atleta, mas é o que eu tenho buscado. Eu acredito que a Maria possa vencer, ela é muito disciplinada na alimentação, no treino diário, não falta. Ela faz a parte dela bem feita, tem tudo para ser uma campeã. Se não for agora, vai ser ano que vem.
Caio, qual é o seu maior objetivo para a temporada de 2024?
Meu principal objetivo como atleta é vencer os principais torneios do Grand Slam. Vencer o Mundial, vencer o World Pro novamente. Então, esse é o meu maior objetivo como atleta em 2024. Como professor, meu intuito é fazer com que meus alunos tenham sucesso, que eles vençam os principais eventos e comecem a desfrutar o melhor da carreira deles. Esse é o meu desejo, fazer eles vencerem e ensiná-los a fazer dinheiro através disso, administrar as suas carreiras, as finanças, através do Jiu-Jitsu. Formar não só o campeão, mas formar o homem, formar a mulher. Quando eles entenderem que a carreira deles precisa ser administrada, vou alcançar meu objetivo. Eu quero que eles vençam sim o Europeu, mas meu foco maior está no Pan-Americano e Mundial. Quero colocá-los dentro dos maiores eventos. Como professor, isso está dentro do meu planejamento. Que eles estejam participando dos maiores torneios de Jiu-Jitsu para vencer. Estamos trabalhando muito duro para isso.