Com lugar cativo entre as figuras mais lendárias do esporte, Claudio Calasans pode hoje analisar do topo, em posição privilegiada, o comportamento dos atletas que despontam. Cinco vezes campeão do World Pro de Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi, campeão absoluto do ADCC e primeiro lugar no Mundial e Pan-Americano, ambos da IBJJF, Calasans é a voz da experiência quando o assunto são os primórdios do grappling.
Há 10 anos, quando o faixa-preta investia energia nos treinos de grappling. O campo de oportunidades não tinha comparação com a realidade de hoje, nem em uma escala de 1%.
“Nunca precisei me especializar em um ou em outro, sempre foi muito natural esses treinos de grappling e de kimono que eu fiz ao longo da minha carreira. O que muda no cenário do grappling é que hoje a modalidade está em uma crescente muito grande. Cada vez com mais eventos e mais pessoas treinando.”, avalia o tarimbado lutador que viveu uma fase onde somente o ADCC era levado em consideração; obviamente pelo prestígio do evento, mas também pela escassez de organizações concorrentes.
Técnica de Calasans é singular, uma marca registrada
Faixa-preta de Judô e Jiu-Jitsu, Calasans desenvolveu ao longo dos treinos uma técnica exclusivamente sua, uma marca que define um estilo e proporciona sensação de reconhecimento. “Com a bagagem que eu tinha de Judô, consegui desenvolver um game em pé, adaptado para mim. Estilo que a maioria das pessoas reconhecia, mas não conseguia distinguir se eu usaria mais técnicas de Wrestling ou de Judô adaptado.”, explica, ressaltando a importância do fator surpresa.
Os treinos de Wrestling, inclusive, fizeram muita diferença no desenvolvimento técnico de Calasans. Entre 2007 e 2008 ele treinou nos Estados Unidos, no Centro Olímpico, bem como passou uma temporada de dois meses na Bulgária.
Entre os eventos mais recentes que agitaram o mundo do grappling, estão o Fight Pass Invitational 5 e o AIGA Champions League, competições de nível altíssimo, com recompensa financeira gratificante. Hoje em dia, atletas renomados de grappling, listados nos principais eventos, recebem remuneração justa e podem finalmente dizer que conseguem viver do esporte. “Queria eu, no auge da minha carreira, ter podido contar com eventos como esse. Tinham eventos, mas não era nessa proporção de hoje, com grandes premiações, com profissionalismo de verdade, capaz de mudar a vida de uma atleta.”, admite em entrevista à equipe do VF Comunica.”
“Eu não apostaria nem no Gordon (Ryan)”, afirma Calasans sobre uma possível derrota de Nicholas Meregali
Por ser um atleta calejado por anos de estrada, a opinião de Claudio Calasans sempre importa. Avaliando o âmbito competitivo do Jiu-Jitsu, com e sem pano, o primeiro nome que surge na liderança é Nicholas Meregali. Para Calasans, não há um concorrente capaz de desbancar Nicholas Meregali, não a curto prazo.
“Sinceramente, hoje, no nível que ele está com e sem kimono, eu não enxergo alguém que poderia ganhar dele. Eu enxergo pessoas que poderiam fazer lutas boas. Tem o Nick Rod, que eu acredito que está evoluindo e pode fazer uma boa luta contra ele. O próprio Victor Hugo, mas vencer, bater o martelo dizendo que tal cara pode bater nele? Eu não apostaria nem no Gordon, sinceramente. Digo isso hoje, no nível que ele está, não falo do Gordon que lutou o último ADCC e os anteriores. Atualmente, pode até ser que o Nicholas esteja ganhando do Gordon nos treinos.”, opina com propriedade.
Considerado como um dos melhores atletas peso-médio de sua geração, Claudio Calasans tem como hábito observar o jogo dos principais lutadores, mas aqueles que são da sua mesma divisão de peso. Tainan Dalpra, Jansen Gomes, Mica Galvão e os irmãos Ruotolo foram nomes que apareceram na sua seleção.
Admirador ferrenho do Jiu-Jitsu básico, das técnicas tradicionais que funcionam, Claudio Calasans diz estar aberto a propostas de superlutas. Com ou sem kimono, não importa a modalidade contanto que o convite seja atrativo. “O que eu gosto é de lutar. Então, se alguém quiser me convidar, estou disponível para estudar propostas. O objetivo das superlutas são outros, você não precisa se preocupar com a próxima luta, pode se preocupar mais com o espetáculo, com o entretenimento de soltar mais o jogo. Então, eu quero aproveitar essas oportunidades porque são muitos os eventos de superluta.”, conclui otimista.