O faixa-preta Cássio Silva é uma das peças mais importantes no desenvolvimento do Jiu-Jitsu na França. Cássio mora no país há quase uma década e desbravou terrenos desconhecidos para se tornar uma referência no ensino do esporte. Ele é o fundador da School of Champs e faz um trabalho conceituado como professor.
A prova disso é o desempenho de seus atletas nos principais campeonatos disputados no país. A equipe contou com 26 competidores no AJP Tour França e conquistou 23 medalhas. Foram 12 de ouro, oito de prata e três de bronze.
Além de ser um professor renomado, Cássio tem se destacado como atleta. Nas últimas semanas, ele se consagrou campeão com e sem kimono no Paris Open, organizado pela IBJJF. Em entrevista ao VF Comunica, o faixa-preta relembrou sua chegada na França e ressaltou como o Jiu-Jitsu mudou sua vida.
“Cheguei em Paris em 2014 para participar do primeiro Paris Open da IBJJF. Eu ainda era faixa-azul e estava com a passagem de ida e volta. No entanto, decidi ficar para buscar melhores condições de vida, não com o Jiu-Jitsu, porque não tinha ideia de que o esporte poderia transformar minha vida pessoal e financeira e até mesmo ajudar muitas pessoas. Moro aqui há nove anos e estou em outro patamar graças a Deus e ao Jiu-Jitsu”, disse Cássio.
O Jiu-Jitsu tem crescido de maneira exponencial no continente europeu e a entrada de escolas de Jiu-Jitsu é cada vez mais recorrente. Cássio analisou este processo e ponderou que é apenas questão de tempo para mais lutadores europeus brilharem nas principais competições.
“Meu Jiu-Jitsu é 100% francês, treino em território francês há bastante tempo e sempre fui graduado por professores franceses. A Europa é o lugar onde mais lutei, pude conhecer várias pessoas que trabalham aqui e notei uma evolução significativa do Jiu-Jitsu no continente. Ainda não se compara com a América, mas vejo muitas organizações que trabalham duro para o crescimento do esporte, como a CFJJB na França. A Federação atua na profissionalização do Jiu-Jitsu no país, investe nos jovens talentos e também organiza diversas competições ao longo do ano. Então, acredito que não vai demorar para o Jiu-Jitsu europeu se destacar no alto nível”, declarou o professor.
A School of Champs teve um começo promissor e os efeitos dos ensinamentos de Cássio Silva surtiram efeito imediato nas competições. A escola está em franca ascensão no mercado local e tem atraído diversos alunos. A performance notável nos campeonatos e visitas de astros do esporte contribuíram diretamente no desenvolvimento do time, como afirmou o brasileiro.
“Eu abri minha academia em fevereiro de 2022 e, com apenas um ano desde a inauguração, tivemos várias conquistas como equipe. Conseguimos nosso primeiro troféu para equipe na AJP, em março, e ficamos à frente de grandes escuderias, como GFTeam e Checkmat. Logo em seguida, conseguimos dois troféus da IBJJF no kimono com apenas dez atletas. No sem kimono, com apenas três competidores, disputamos com times renomados. Por enquanto, temos só uma academia, mas prezamos pela qualidade do Jiu-Jitsu. Tivemos alguns dos maiores nomes do Jiu-Jitsu na nossa academia, como Bruno Malfacine, Guilherme Mendes, Thalison Soares, Tainan, Diego Pato, Mayssa Bastos, Lucas Pinheiro entre outros”, reiterou Cássio.
Conciliar as funções de atleta e professor é uma árdua tarefa e diversos faixas-pretas enfrentam obstáculos para manter o nível alto nas duas áreas. Cássio revelou que sofreu complicações em razão da dedicação máxima na prosperidade da School of Champs.
“Eu sempre adorei competir e gosto de transmitir essa vibe de competição para meus alunos com autoridade no assunto. Então precisei achar um jeito de trabalhar muito na evolução dos alunos e, ao mesmo tempo, treinar e lutar. Foi complicado no começo, quase tive uma Síndrome de Burnout, porém, tudo deu certo graças a Deus e fiz uma grande temporada no master 1. Estou mais estruturado nesse ano, por isso decidi competir no adulto. Fiz a minha estreia no Paris Open da IBJJF e fui campeão na categorias pluma com kimono e pena sem kimono”, disse Cássio.
Ele é um entusiasta do grappling e gosta de se aventurar no sem kimono. No entanto, ele reforçou que a modalidade precisa ser impulsionada para cativar mais praticantes.
“Pretendo focar no grappling nessa temporada para acompanhar a evolução. Já fui campeão europeu de marrom adulto, e obtive um ótimo desempenho no Paris Open recentemente. Mesmo sem treinar muito Nogi, me sinto confiante quando luto. Bato de frente com qualquer um na minha categoria, principalmente agora, que estou calibrado na chaves de calcanhar. Falta um investimento na mídia para divulgar mais o grappling na França, seria ideal para os organizadores e atletas”, concluiu Cássio Silva.