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Cássio Silva: da derrota doída ao estrelato em Paris, na França

Na faixa-roxa, Cássio Silva, hoje faixa-preta radicado em Paris, descobriu que deveria dedicar 100% do tempo ao esporte

Cássio Silva está no controle de uma performance sem falhas no Jiu-Jitsu. Para 2024, o plano é permanecer no topo.
Cássio Silva está no controle de uma performance sem falhas. Para 2024, o plano é permanecer no topo. Foto: @cassiosilvajj

O ano era 2018. Cássio Silva, hoje faixa-preta prestigiado na França, líder da School of Champs, estava na faixa-roxa, sentindo toda a adrenalina por participar da sua primeira grande competição na temporada – o Europeu da IBJJF, disputado em Lisboa, Portugal. Foi de fato na faixa-roxa que Cássio, que descobriu o Jiu-Jitsu na Guiana Francesa no fim de 2012, sentiu mais forte a vontade de fazer da modalidade um meio de ganhar a vida. O resultado do Europeu de 2018 teve um papel determinante nessa mudança de mentalidade.

Na primeira luta, Cássio Silva ficou frente a frente com Thalison Soares, hoje faixa-preta representante da AOJ, dos irmãos Mendes. No confronto, Cássio ficou atrás nos pontos e viu o braço do oponente ser erguido. Decepcionado, o faixa-roxa saiu chorando do ginásio. Naquele dia, foram as palavras do seu treinador que injetaram a dose de coragem que faltava para que Cássio realmente conseguisse se dedicar 100% ao esporte.

“Comecei a ter muitos resultados positivos na faixa roxa, devido à maior dedicação. Ganhei vários Opens da IBJJF na Europa e dominava as competições nacionais nessa faixa, mas ainda trabalhava para sustentar as viagens. Fui fazer minha primeira competição importante em 2018 no Campeonato Europeu, em Lisboa, e minha primeira luta foi com Thalison Soares. Eu perdi nos pontos e saí do ginásio chorando. Meu coach da época, o Matias, me falou algo que me tocou muito, ele disse: ‘toda a preparação que você fez em dois meses o Thalison faz desde os 11 anos de idade. Se você quiser ganhar os caras assim, vai ter que fazer isso em 100%.’. Eu voltei para casa e pedi demissão no trabalho. Isso aconteceu em janeiro. No dia 16 de março de 2018 foi a última vez que trabalhei fora do Jiu-Jitsu.”, relembra Cássio.

Cássio Silva descobriu o Jiu-Jitsu depois de um primeiro contato com o MMA

Quando começou a carreira como lutador, Cássio fez o caminho inverso: geralmente, atletas de Jiu-Jitsu são vistos migrando para o MMA. No caso dele, a introdução foi no MMA e o contato mais profundo com o Jiu-Jitsu surgiu em uma tentativa de melhorar o jogo no chão.

“Comecei Jiu-Jitsu ‘tarde’, aos 20 anos de idade, na Guiana Francesa, com o professor francês Anthony Albertini, isso foi no final de 2012, início de 2013. Depois de ter iniciado algumas aulas de MMA, achei que seria bom fazer a parte de chão. Depois que fiz a primeira aula de Jiu-Jitsu, fiquei exclusivamente nele.”, contou.

Na faixa-branca e na azul, Cássio contou à equipe do VF Comunica que competiu bastante, mas não conseguiu resultados expressivos. “Eu era muito brigão e não sabia ganhar, me mudei para Paris com apenas um ano e meio de Jiu-Jitsu e em 2014 parei de treinar por causa de trabalho. Na minha volta, em 2016, comecei a ter vontade de viver do Jiu-Jitsu, investi muito tempo e todo dinheiro que tinha para lutar.”, relembrou.

Cássio Silva comemora título de grappling em um Gran Prix organizado pela CFJJB, Confederação Francesa de Jiu-Jitsu Brasileiro.
Cássio Silva comemora título de grappling em um Gran Prix organizado pela CFJJB, Confederação Francesa de Jiu-Jitsu Brasileiro. Foto: @lunivers.athletics

Atualmente, Cássio Silva considera Paris sua casa e vem desfrutando de um momento excelente na carreira de faixa-preta, com conquistas de títulos importantes e uma liderança sólida da sua equipe na França. O Campeonato Europeu, por exemplo, citado no início da matéria, reservou a ele mais um ouro nesta temporada de 2024. Melhor ainda é ganhar um título dessa importância em Paris, cidade que ocupa um lugar de grande afeto na trajetória do atleta.

“Fui muito bem acolhido aqui. Hoje, quero fazer algo grande pelas pessoas daqui, quero poder ajudar a fazer campeões da França como uma forma de reconhecimento.”, projetou Cássio.

No dia 18 de maio, Cássio Silva tem mais um desafio programado na França. Ele está no card principal do ADXC 4, que vai acontecer no Dojo de Paris. O faixa-preta vai enfrentar Marko Oikarainen em um confronto de kimono, válido pelo peso mosca. Lutar no ADXC é uma oportunidade que Cássio aguardava ansiosamente. Bem posicionado no ranking da AJP, esse era um convite já esperado, a concretização era apenas uma questão de timing. Cássio está ansioso para a sua luta de estreia na organização e projeta uma vitória a favor do espetáculo.

“Estou muito confiante de que vou finalizar no primeiro round. Fui convidado pelos meus resultados, sem dúvida, mas também teve a contribuição da minha residência em território europeu, eles não podiam me deixar de fora.”, encerrou, pronto para entrar em ação na próxima semana.

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Escrito por Emmanuela Oliveira

Emmanuela Oliveira é faixa-marrom de Jiu-Jitsu e formada em Comunicação Social. Dentro do tatame, aprendeu que é possível conjugar Jiu-Jitsu, escrita e o gosto pelas artes visuais em um só pacote.

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