Bicampeã mundial na faixa-preta e campeã do World Pro, Anna Rodrigues é uma das maiores estrelas do Jiu-Jitsu da atualidade. Mas, assim como boa parte dos atletas no Brasil, Anna teve uma infância difícil e precisou superar diversas adversidades ao longo da caminhada rumo ao topo do esporte.
Durante sua participação no podcast Connect Cast, apresentado por Alexandre Lemos, Anna Rodrigues relembrou momentos difíceis que viveu antes de se tornar uma referência na modalidade e contou como decidiu que seria atleta.
“Vim de uma família muito humilde, a família da minha mãe morava no Morro do Lins antes de eu nascer e depois meus pais se mudaram para São Gonçalo. Minha mãe me teve com 15 anos e meus pais acharam que seria melhor me criar no Ceará. Fiquei lá até meus três anos, voltei para São Gonçalo, até que me mudei para a comunidade do Rio das Pedras, onde passei boa parte da minha vida. Com oito anos, decidi que queria ser atleta profissional. Meus pais reclamam demais do emprego deles e eu sempre disse que não queria ser assim. Eu assistia programas de esporte e considerava os atletas super-heróis. Conheci o Jiu-Jitsu aos 13 anos e foi amor à primeira vista. Eu já era muito competitiva e o Jiu-Jitsu me tornou ainda mais”, disse Ana.
Uso de drogas na infância
Anna relatou que já passou por experiências desagradáveis durante a infância e revelou que já fez uso de drogas no passado. Ela também explicou como o Jiu-Jitsu surgiu como uma válvula de escape em meio à realidade conturbada.
“Minha família era muito pobre, meu pai queria que eu fizesse faculdade, mas a escola em que eu estudava não me dava a menor vontade de fazer faculdade. Eu ia para a escola e o pessoal estava usando droga. E era algo que fazia parte da minha realidade, eu também já usei quando era criança. Maconha era o de menos na época, tive experiências horríveis, mas que na época eram normais para mim. O Jiu-Jitsu salvou a minha vida de um modo geral e me ensinou a ter disciplina, eu era uma pessoa mal educada. Eu sempre fui sincera, porém, em muitos casos, a sinceridade é encarada como falta de educação ou arrogância”, afirmou a faixa-preta do Dream Art.
Anna sabe sua relevância na comunidade do Jiu-Jitsu e é conhecida por sempre se posicionar, independentemente da opinião alheia. Ela falou da amizade com Nicholas Meregali e reforçou que muitos têm medo de opinião por causa do medo da rejeição.
“Todo mundo fala que eu sou a versão feminina do Nicholas, mas acho que ele é um pouco mais extremista do que eu. Ele é mais doido com as opiniões dele, só que a gente se dá super bem. Inclusive, quando estamos juntos, nos juntamos para atacar quem está contra a gente (risos). A galera não se expõe porque quer ser amada. Quanto mais você se expõe, maior será a chance das pessoas não concordarem com você. E hoje em dia, as pessoas acreditam que é necessário concordar com o outro para gostar, só que não é assim que funciona. A maioria das pessoas sobrevivem do Jiu-Jitsu, não vivem do Jiu-Jitsu. Elas têm uma vida de cão, com muito sacrifício ou há pessoas como eu, que conseguem viver do Jiu-Jitsu”, ressaltou Anna.