Larrisa Paes, 26 anos, precisou dar uma pausa em sua crescente carreira como faixa-preta por conta de uma lesão na canela, durante o Grand Slam Abu Dhabi, no ano passado, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
A faixa-preta, representante da Gordo Jiu-Jitsu, foi considerada a melhor atleta do circuito competitivo da UAEJJF em 2017, nas disputas entre faixas-marrons e pretas.
Agora, em fase de recuperação, Larissa explica lesão e passa sua carreira a limpo em entrevista exclusiva ao VF Comunica. Confira:
VF Comunica: Você vinha em um crescente nas competições, mas uma lesão acabou afastando você. Como está sua recuperação?
LARISSA PAES: Cara, ainda é um pouco sinistro falar sobre tudo que aconteceu. Eu me machuquei no Grand Slam Abu Dhabi de 2022. Foi e tem sido horrível minha recuperação. Desde então não teve um dia que eu ficasse sem dor, tem sido um processo longo e eu não estava preparada psicologicamente para esse processo. Apesar de tudo isso, eu tenho aprendido a valorizar as pessoas que estão ao meu lado e ver que o mundo não é só lutar. Ainda não tenho previsão para voltar a lutar, dependo completamente da calcificação do meu osso da canela, a parte frontal ainda está em processo de calcificação.
Você vivia ótima fase, embalada por títulos desde 2017 até acontecer a lesão. O que você conquistou nesse tempo?
Assim que cheguei para morar e viver em Abu Dhabi, em 2017, eu fui trabalhar na parte norte do país, quase ninguém conhecia. O Jiu-Jitsu era muito pequeno ainda, mas o tempo foi passando e novos professores foram chegando até que nosso treino lá se tornou um dos melhores. Nesse tempo que morei lá e ainda de faixa-marrom, eu ganhei o ranking faixa-marrom e preta da UAEJJF, o último que teve com pontos corrido. Eu ganhei alguns Grand Slam e estava sempre nos pódios dos campeonatos grandes.
Qual principal diferença que você nota em termos de Jiu-Jitsu entre Brasil e os Emirados Árabes?
O investimento! O Jiu-Jitsu é obrigatório para homens nas escolas públicas e opcional para as meninas. É uma matéria curricular, assim como matemática e português no Brasil. É também obrigatório no exército. A questão do investimento é algo fora de série, eles não precisam se preocupar em ter que fazer rifa para conseguir uma inscrição ou vender coisas, o que no Brasil temos que fazer desde sempre. É “menos difícil” ser atleta de Jiu-Jitsu aqui nesse aspecto, pois tem salário, kimonos, ônibus para buscar e levar, portanto, o foco total do atleta está apenas em treinar. Eles estão em outro nível quanto à profissionalização de atletas e estão mostrando que estão se profissionalizando cada vez mais, com diversos atletas tento títulos expressivos a nível mundial.
Então, o caminho é ser dedicado para ter sucesso, certo?
Se você realmente quer ser um atleta de alto rendimento, você precisa de uma equipe multidisciplinar! Treinos específicos, preparação, nutrição, fisioterapia e psicólogo. E conforme as coisas estão melhorando nesses quesitos aqui, o mundo tem começado a ver o nível do Jiu-Jitsu que os árabes têm.